Sá Pessoa e Avillez entre os 50 melhores chefs do mundo

Pela primeira vez, dois chefs portugueses conquistam a primeira metade da lista dos Best Chef Awards. Henrique Sá Pessoa recebeu ainda o prémio Nova Entrada.

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Henrique Sá Pessoa conquista a 38.ª posição Francisco Romão Pereira
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José Avillez sobe 26 lugares, entrando para a 44.ª posição Rui Gaudêncio
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Ricardo Costa, do Yeatman, também estava nomeado para os Best Chef Awards Nelson Garrido
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Rui Paula, da Casa de Chá da Boa Nova, também estava nomeado para os Best Chef Awards Adriano Miranda
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Martin Berasategui (Fifty Seconds, uma estrela, Lisboa) foi eleito em 28.º lugar da lista DR
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Eneko Atxa (Eneko, Lisboa) conquistou o 31.º lugar Nuno Ferreira Santos
Hans Neuner
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Hans Neuner (Ocean, duas estrelas Michelin, Porches, Algarve) ficou na 50.ª posição Vasco Celio / Stills (colaborador)

Depois de estar nomeado sem chegar à lista final no ano passado, Henrique Sá Pessoa não só entra directamente para a 38.ª posição da lista dos 100 melhores chefs do mundo, como conquista o prémio Nova Entrada (New Entry), entregue ao chef em estreia na lista que mais se destacou, de acordo com o painel de jurados.

Em palco, o chef português, do restaurante Alma (duas estrelas Michelin) e de outros quatro espaços no país, mostrou-se “surpreso” pela conquista do galardão, nesta que é a quinta edição dos Best Chef Awards, prémios que procuram dar destaque aos cozinheiros em detrimento dos restaurantes, e que decorreu esta quarta-feira em Amesterdão.

“É totalmente inesperado”, reconheceu Sá Pessoa,​ durante a cerimónia de entrega de prémios, afirmando ser “ainda mais especial receber o prémio” na capital holandesa, uma vez que vai “abrir um restaurante” na cidade em breve.

José Avillez, que em 2020 conquistou o 70.º posto, sobe 26 lugares, entrando igualmente para o leque dos 50 melhores cozinheiros do mundo. Chef do Belcanto (duas estrelas Michelin, em Lisboa) e de cerca de uma dezena de outros restaurantes em Portugal e no Dubai, Avillez ficou na 44.ª posição.

Este ano, estavam ainda nomeados pela primeira vez Ricardo Costa (chef do The Yeatman Hotel, duas estrelas Michelin, em Vila Nova de Gaia) e Rui Paula (Casa de Chá da Boa Nova, duas estrelas Michelin, em Leça da Palmeira, entre outros projectos). No entanto, estes dois chefs portugueses não integraram a lista final.

O primeiro lugar foi entregue ao madrileno Dabiz Muñoz (DiverXo, três estrelas Michelin), seguido de Björn Frantzén (Frantzén, Estocolmo, três estrelas Michelin), que tinha vencido a edição de 2019. Em terceiro lugar ficou Andoni Luis Aduriz, do basco Mugaritz (duas estrelas)​. Já René Redzepi, do Noma (Copenhaga, três estrelas Michelin), vencedor da edição do ano passado, caiu para quinta posição.

Entre os chefs estrangeiros com restaurantes em Portugal, surgem entre os 100 melhores do mundo o austríaco Hans Neuner (Ocean, duas estrelas Michelin, Porches, Algarve) e os espanhóis Eneko Atxa (Eneko, Lisboa) e Martín Berasategui (Fifty Seconds, uma estrela, Lisboa) em 50.º, 31.º e 28.º, respectivamente.

Além de ter sido revelada a lista dos 100 melhores restaurantes do mundo, foram ainda entregues várias distinções particulares, entre as quais a de New Entry, atribuída a Henrique Sá Pessoa. O prémio Lenda foi entregue ao italiano Alfonso Iaccarino, por “mais de 50 anos de trabalho” à frente do restaurante Don Alfonso 1890, em Itália.

Já Fatmata Binta, do restaurante Fulani Kitchen, no Gana, venceu o prémio de Estrela em Ascensão, uma distinção que “significa muito” para a chef, que se considera uma “nómada” africana. “É um prémio para África”, afirmou em palco. “Para o Gana”, onde trabalha, “para a Serra Leoa”, onde nasceu, “para a Guiné Conacri”, de onde são os seus antepassados.

Pela primeira vez foi entregue um prémio Pizza, atribuído ao italiano Franco Pepe, do restaurante Pepe in Grani. Já a distinção para Foodart (arte gastronómica, numa tradução literal) foi para a chef Vicky Lau, do Tate Dining Room, em Hong Kong. Enquanto o prémio Followers (focado nos seguidores nas redes sociais) foi atribuído à brasileira Manu Buffara, do Restaurante Manu, em Curitiba. “Temos o poder de transformar o mundo através da comida”, vincou a chef em palco, relembrando o ano duro que o sector (e o mundo) atravessou, nomeadamente no Brasil. Outro dos prémios, de Ciência, foi entregue a Joan Roca, pelo trabalho no El Cellar de Can Roca, Girona.

Criados pela neurocientista polaca Joanna Ślusarczyk e pelo especialista em assuntos de gastronomia Cristian Gadau, os prémios distinguem-se por colocar os chefs “em primeiro lugar”. Enquanto distinções como as estrelas do Guia Michelin ou o ranking dos 50 Melhores Restaurantes do Mundo são atribuídos aos restaurantes, os Best Chef Awards pretendem “mudar o foco para o chef, para a forma como este aborda a comida e o que é que faz para distinguir-se dos outros”.

A cada nova edição, entram para a lista de candidatos os 100 cozinheiros eleitos no ano anterior e 100 “caras frescas”, nomeados por “parceiros independentes” da plataforma e que incluem jornalistas especializados em gastronomia, críticos, bloggers, fotógrafos e “outras pessoas notáveis com um vasto conhecimento sobre fine dining”.

O objectivo de ligar chefs consagrados e novas gerações, profissionais já estabelecidos e outros que estão a começar, aspirando a criar com a iniciativa “um local para trocar conhecimentos e experiências, discutir temas actuais e questões universais do mundo do fine dining”.

O evento anual arrancou na segunda-feira, dia 13, com um dia dedicado às formas como a comida e a ciência estão interligadas (Food Meets Cience). Na terça-feira, subiram ao palco das Area Talks palestras sobre o futuro do fine dining, os lados positivos e negativos da gastronomia, a sustentabilidade, entre outros.

A iniciativa terminou esta quarta-feira com a revelação da lista dos 100 melhores chefs do mundo em 2021, resultado da votação de 100 profissionais da área, assim como dos 100 chefs actualmente no ranking e os 100 novos nomeados. Cada pessoa podia nomear, por ordem, dez nomes dos 200 candidatos, dando assim origem à lista final.

Em Fevereiro, Joanna Ślusarczyk​ garantia que “o ano passado não nos travou”, apesar de a crise pandémica ter afectado duramente o sector da restauração. “Na verdade, trabalhámos mais para nos adaptar e oferecer aos chefs e restaurantes de todo o mundo uma plataforma para ficarem conectados e compartilharem informações uns com os outros e com o público.”

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