Príncipe André ainda pode tentar a anulação da acção civil por abuso sexual de menores

Um juiz norte-americano agendou uma sessão para 4 de Janeiro, dando oportunidade para que a defesa do duque de Iorque peça a anulação do processo.

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André, de 61 anos, nega desde o início as alegações de Virginia Giuffre EPA/RICHARD WAINWRIGHT

A acção civil interposta contra o príncipe André pode nunca chegar a julgamento, caso a defesa consiga uma anulação na audiência de 4 de Janeiro, marcada esta quinta-feira pelo tribunal, noticiou a Reuters. Para tal, a equipa de advogados do duque de Iorque terá de provar que não existem indícios suficientes para a queixa de abuso sexual apresentada por Virginia Giuffre, em acções que remontam a quando ainda era menor.

O juiz Lewis Kaplan, da comarca de Manhattan, emitiu a ordem de agendamento um dia depois de dizer que esperava que o caso civil fosse a julgamento entre Setembro e Dezembro de 2022, a não ser que fosse resolvido com um acordo entre as partes ou anulado.

Virginia Giuffre, de 38 anos, conta ter sido vítima da rede de tráfico sexual e abuso de Jeffrey Epstein entre 2000 e 2002. Quando tudo começou teria apenas 16 anos. Na acção interposta, em Agosto, a actual advogada diz que o príncipe André a terá obrigado a ter relações sexuais na casa da socialite britânica e amiga próxima de Jeffrey Epstein, Ghislaine Maxwell, em Londres. Segundo Giuffre, os abusos também aconteceram na mansão do magnata norte-americano em Manhattan e na ilha privada de Epstein nas Ilhas Virgens, dos EUA.

A queixa diz que Virginia, então com 17 anos, foi “compelida” por Epstein, Maxwell e pelo príncipe André, através de “ameaças directas ou implícitas”, a ter relações sexuais com o duque de Iorque. “A riqueza, o poder, a posição e as relações permitiram-lhe abusar uma criança assustada e vulnerável, sem ninguém que a protegesse”, pode ler-se no documento entregue em tribunal, a que a Reuters teve acesso.

A queixosa recorda, ainda, que terá sido levada, por Jeffrey Epstein, para Londres de propósito para conhecer o príncipe André. Aí, terá sido mantida como “escrava sexual” com a ajuda de Ghislaine Maxwell. A filha do empresário de media britânico Robert Maxwell, que não está envolvida na queixa de Giuffre, foi detida em Julho de 2020 e o seu julgamento está marcado para começar a 29 de Novembro.

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O príncipe André com Virginia Giuffre, em casa de Ghislaine Maxwell DR

André, de 61 anos, tem negado desde o início as alegações de Virginia Giuffre, acusando-a de tentar lucrar com as acusações contra Epstein, que foi encontrado morto na sua cela de uma prisão de Manhattan, em Agosto de 2019, enquanto aguardava julgamento por acusações de tráfico sexual. A autópsia confirmou o suicídio; dias antes, tinha sido divulgada uma lista com nomes sonantes, entre os quais André, mas também de um antigo governador do Novo México, Bill Richardson, e um antigo senador norte-americano, George Mitchell. Outros nomes acabaram por ser associados ao magnata mais tarde, como o de Bill Gates, que lamentou ter-se encontrado com Epstein em jantares de angariação de fundos para causas filantrópicas, reconhecendo que foi “um grande erro”

Só que os encontros, afinal, não se terão limitado a jantares, e a amizade entre os dois homens terá sido o rastilho para um dos divórcios mais dispendiosos de sempre: Bill e Melinda anunciaram o fim do casamento e, no mesmo dia, o fundador da Microsoft transferiu para a mulher acções no valor de quase 2,4 mil milhões de dólares (mais de dois mil milhões de euros).

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