Autoeuropa adiciona prémio de assiduidade à proposta de aumento salarial

Volkswagen garante aumento salarial mínimo de 80 euros a partir de Janeiro e prémio de assiduidade de 40 euros por mês. Trabalhadores decidem entre terça e sexta-feira.

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A Volkswagen Autoeuropa deverá chegar aos 230 mil veículos montados, mais 15% do que as estimativas iniciais Miguel Manso (arquivo)

A Volkswagen Autoeuropa, que emprega 5100 pessoas em Palmela, reviu de novo a sua proposta de aumento salarial para 2023. Desta vez, a fábrica daquele grupo alemão promete um aumento mínimo de 80 euros para cada um e um prémio de assiduidade mensal de 40 euros, a juntar ao aumento salarial de 5,2%, que figurava na proposta anterior – e que foi rejeitada pelos trabalhadores na semana passada.

Esta é a terceira proposta da gestão, que começou por oferecer, em finais de Outubro, um prémio de 400 euros (entretanto pago em Novembro) para ajudar a minimizar o impacto do aumento do custo de vida. A Comissão de Trabalhadores (CT) discordou, na altura, exigindo um aumento extraordinário de 5% ainda este ano, com retroactivo a Julho, e de uma correcção no aumento de 2% previsto para 2023, de modo a cobrir, em conjunto com este aumento extraordinário de 5%, a taxa de inflação média anual que vier a registar-se este ano em Portugal.

Como não houve acordo, a empresa acabou por ceder. Depois de uma ameaça de greve que a CT deixou cair – mas que acabou mesmo por se concretizar numa paralisação parcial de dois dias, por vontade dos sindicatos, que recusaram desmobilizar o protesto –, a administração fez uma segunda proposta, aceite pela CT e submetida a referendo.

Nessa segunda versão, previa-se um aumento de 5,2% para 2023, em vez dos 2% já estipulados no Acordo de Empresa, mas com efeito ainda neste mês de Dezembro.

Chamados a votar esta adenda ao acordo laboral, num referendo realizado a 4 e 5 de Dezembro, ganhou o não. Dos 3865 votantes (o que equivale a cerca de 75% de participação), 2007 votaram contra e 1826 votaram a favor (houve dez nulos e 22 brancos).

Por isso, retomaram-se as negociações que redundaram na terceira proposta, que vai ser votada em referendo a realizar entre esta terça-feira e a próxima sexta-feira.

Em causa está agora, segundo o comunicado da CT, o mesmo aumento de 5,2% que constava, de forma isolada na proposta anterior, mas com um ajuste (aplicável a partir de Janeiro em vez de já em Dezembro) e acompanhado com duas garantias extra: a de que haverá um aumento mínimo de 80 euros para cada trabalhador no salário base e que em 2023 seja pago um prémio de assiduidade mensal de 40 euros.

Significa que, no final de 12 meses, um trabalhador pode ter mais 480 euros, já que esta assiduidade não é posta em causa por férias, dias especiais, os chamados dias de compensação e de nojo, os down days (banco de horas), licença de casamento ou de maternidade/paternidade, conforme se lê no comunicado da CT aos trabalhadores.

"A Comissão de Trabalhadores considera que o acordo agora alcançado é positivo para todos", afirma o órgão que representa os funcionários da fábrica que é o maior exportador português.

A paralisação parcial, com paragem de duas horas por turno em dois dias de trabalho em Novembro, teve uma adesão de 37%, segundo a administração. Tal número é contestado pelos sindicatos.

Foi a primeira greve na fábrica que produz em exclusivo mundial o modelo T-Roc (com excepção para a China), que é um campeão de vendas na Europa e o modelo mais vendido da marca VW.

Foi a CT que deu início ao processo de revisão salarial extraordinária, argumentando que a inflação galopante estava a penalizar os trabalhadores num ano que, apesar das dificuldades que afectam a indústria automóvel, e ao contrário das previsões mais pessimistas do início do ano, vai acabar por ser um dos melhores para a unidade de Palmela.

A fábrica deverá chegar aos 230 mil veículos montados, mais 15% do que as estimativas iniciais, apesar de ter deixado de fabricar o modelo VW Sharan, um modelo monovolume que era construído ali desde 1995 e foi descontinuado em Outubro.

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