Autoeuropa aceita negociar aumento extraordinário, mas sindicato quer manter greve

Comissão de Trabalhadores pede aos sindicatos para retirarem pré-aviso de greve parcial, de duas horas por turno, agendada para dois dias desta semana.

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A Autoeuropa queria dar um prémio de 400 euros a cada trabalhador, como compensação pelos impactos da inflação, proposta que foi recusada Miguel Manso

A administração da Volkswagen Autoeuropa aceita regressar à mesa das negociações para discutir um aumento salarial extraordinário, tal como é exigido pelos trabalhadores, que convocaram uma greve parcial de duas horas por turno nos dias 17 e 18, próxima quinta e sexta-feira. A Comissão de Trabalhadores (CT) pede aos sindicatos que retirem o pré-aviso de greve, face a este sinal de disponibilidade, mas o SITE-Sul não vê razões para tal.

A empresa queria dar um prémio de 400 euros a cada trabalhador, como compensação pelos impactos da inflação, proposta que foi recusada.

Em vez de um pagamento único, os funcionários querem um aumento de salário que cubra a inflação e que reconheça o seu papel na produção deste ano, que será um dos mais produtivos de sempre, com 230 mil veículos. As reuniões entre CT e administração começarão no dia 25.

“A administração ao dia de hoje informou a Comissão de Trabalhadores que se encontra em condições de iniciar negociações no dia 25.11.2022, de forma a ir ao encontro do que são as reivindicações dos trabalhadores”, diz a CT, num comunicado divulgado nesta terça-feira.

“Uma vez assumido o compromisso por parte da administração junto da CT, pretendemos solicitar aos sindicatos para retirarem os pré-avisos de greve”, porque “numa altura em que a porta para o diálogo está novamente aberta, para discutir um aumento salarial extraordinário, os trabalhadores devem decidir de forma pessoa e responsável qual o caminho a seguir”​.

A gerência diz ter “esperança” no sucesso das negociações. “O objectivo é encontrar soluções para medidas salariais e ir ao encontro das necessidades dos trabalhadores colmatando as dificuldades económicas, actualmente sentidas pelas famílias”, diz fonte oficial da empresa.

Qualquer solução negociada será considerada “um aditamento” ao acordo de empresa aprovado em Março passado.

Para o SITE Sul, no entanto, esta disponibilidade manifestada pela direcção da empresa não chega. “Para já, e na ausência de qualquer atitude concreta e credível por parte da gerência, que permita aos trabalhadores suspender a greve, não resta alternativa que não seja a sua manutenção. A Comissão Sindical apela à unidade dos trabalhadores e a que estes mantenham a firmeza e não embarquem em mensagens ilusórias.”

Os sindicalistas dizem que “a gerência está em condições de evitar o conflito, pois teve o tempo necessário para encontrar uma solução”. “Faltando pouco para o início da greve, qualquer proposta da Administração deve ser feita em tempo que permita a sua discussão com os trabalhadores, porque foram estes, em plenários, nos dias 8 e 9, que decidiram a realização desta luta.”

​Na semana passada, após quatro plenários, os trabalhadores mandataram a CT para organizar a defesa das propostas dos trabalhadores.

Os cerca de 5100 funcionários da fábrica da Volkswagen em Palmela exigiam um aumento imediato de 5%, com retroactivos a Julho, acrescido de um novo aumento extra em 2023 na proporção necessária para cobrir a taxa de inflação final de 2022.

Assim, para um salário de mil euros brutos, em Dezembro seriam pagos 1050 euros, pelo aumento de 5% a partir desse mês. Além disso, a empresa pagaria mais 250 euros (5o euros de aumento por mês, desde Julho).

Depois, em Janeiro, procederia ao aumento de 2% previsto no acordo de empresa assinado em Março. No caso de a inflação ficar acima destes 5% + 2%, a Autoeuropa acrescentaria a proporção necessária para chegar à taxa de inflação.

Se esta, por exemplo, ficar em 8% em 2022, então em Janeiro o aumento seria de 3% (2% do acordo de empresa mais 1% do aumento extraordinário).

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