Presidente da Assembleia da República diz que PGR deve ir ao Parlamento explicar processos que criam crises políticas

Presidente da Assembleia rejeita que “haja uma conduta premeditada para criar factos políticos por via da investigação criminal”, mas defende que Lucília Gago esclareça processos.

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Questionado sobre se a justiça atropela a democracia, o presidente da AR disse não poder fazer uma conclusão dessa natureza Daniel Rocha
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O presidente da Assembleia da República (AR), José Pedro Aguiar-Branco, considera que a procuradora-geral da República (PGR), Lucília Gago, deve ir ao Parlamento dar explicações sobre os processos que provocaram crises políticas. Em declarações à Antena 1, José Pedro Aguiar-Branco disse que Lucília Gago deveria falar para que não se crie um clima de suspeição.

José Pedro Aguiar-Branco adiantou que não acredita que "haja uma conduta premeditada, à esquerda ou à direita, para criar factos políticos por via da investigação criminal". "Qualquer um de nós não quer acreditar que haja uma conduta premeditada para, à esquerda ou à direita, provocar um determinado facto político por via de uma investigação criminal, mas a verdade é que ninguém vive sozinho no mundo e é preciso ser explicado. Porque a situação, ao ser explicada, torna claro que a suspeição não existe. Eu acho que estamos a contribuir para que esses dois mundos convivam de uma forma mais saudável para a democracia", disse.

Como convidado da edição que assinalou os quatro anos do programa Geometria Variável da Antena 1, o presidente da AR defendeu ser essencial um pacto de regime para a clarificação de casos na justiça, mas com metodologia "para se chegar lá". "Espero que o pacto aconteça. É importante a metodologia para se chegar lá", referiu. José Pedro Aguiar-Branco comentava assim questões relacionadas com as eleições legislativas e as regionais da Madeira, que tiveram origem em investigações do Ministério Público.

Questionado sobre se a justiça atropela a democracia, José Pedro Aguiar-Branco disse não poder fazer uma conclusão dessa natureza. "Porque parto do princípio de que as coisas acontecem, não com essa intenção, [mas] de forma involuntária. [O que] Ainda mais justifica a necessidade de clarificar [nos] espaços onde os portugueses possam compreender. Acho que a Assembleia da República é o espaço de excelência para isso acontecer", disse.

José Pedro Aguiar-Branco foi ministro da Justiça em 2004 e propôs um pacto de regime para o sector, que está atrasado, tendo feito já referência à necessidade de a procuradora-geral da República dar explicações no Parlamento.

O presidente disse também que considera excessivo o regime de incompatibilidades dos políticos. "Acho que foi criado em Portugal um excesso de regime de incompatibilidades que conduziu a isso. Eu sou favorável à expressão máxima do registo de interesses para que, em caso de conflito, possa ser escrutinado aquilo que eu, enquanto deputado ocupando um cargo de executivo, tiver feito que seja violador desse conflito de interesses" e "seja punido", referiu.

Na opinião de José Pedro Aguiar-Branco, tanta incompatibilidade torna difícil o recrutamento do pessoal político dos partidos. No entanto, o presidente da AR entende que os partidos têm de se abrir à sociedade, com maior participação e envolvimento.

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