Todos os prémios em todo o lado ao mesmo tempo: favorito dos Óscares vence na Guilda dos Argumentistas

Filme com Michelle Yeoh cimenta possibilidades para Óscares. A Voz das Mulheres, Severance, The White Lotus ou The Bear também premiados. Iminência de greve dos argumentistas marca noite.

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Tudo Em Todo O Lado Ao Mesmo Tempo DR

O filme Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo voltou a ser o grande vencedor de uma noite de prémios na cada vez mais clara temporada de prémios do cinema norte-americano de 2023. Na madrugada desta segunda-feira, o filme de Daniel Kwan e Daniel Scheinert recebeu o prémio da Guilda dos Argumentistas por Melhor Argumento Original, lado a lado com A Voz das Mulheres, que recebeu a distinção de Melhor Argumento Adaptado.

O filme de ficção científica sobre uma mulher entre universos paralelos já recebeu os prémios máximos das Guildas dos Actores (o maior número de votantes da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood), dos Produtores (importante sinal para o Óscar de Melhor Filme) e dos Realizadores.

Não é um feito de somenos, sair dos prémios entregues pelas principais associações profissionais como vencedor numa temporada — só outros quatro títulos o conseguiram, como assinala o diário The New York Times. Foram eles Argo, Quem Quer Ser Bilionário, Beleza Americana e Este País Não é Para Velhos. Todos receberam o Óscar mais cobiçado. Não há especialista conceituado que não considere Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo é o favorito da madrugada de 13 Março e há mesmo quem arrisque que o filme produzido pelo estúdio independente A24 é já o grande vencedor.

“Escrever é confuso e difícil, e houve tantas vezes que nos sentimos perdidos”, disse Daniel Scheinert ao receber o prémio frente à plateia dos seus pares guionistas. “Obrigada aos nossos terapeutas”, brincou ainda, referindo-se a todos os colegas que leram os primeiros esboços e versões do complexo argumento. Daniel Kwan e Daniel Scheinert realizaram e escreveram o filme protagonizado por Michelle Yeoh (que também está nomeada para o Óscar de Melhor Actriz pelo seu papel) e que soma 11 nomeações para os prémios da Academia.

Noutras frentes, Sarah Polley recebeu então o prémio de Argumento Adaptado por A Voz das Mulheres, história baseada no romance de Miriam Toews sobre violência sobre mulheres numa comunidade menonita. Brett Morgen foi distinguido pelo seu guião no documentário sobre David Bowie Moonage Daydream, e na televisão os premiados foram a série Apple Severance, na categoria de Drama e de Melhor Nova Série, The White Lotus como série limitada ou de antologia, e na comédia o galardão foi para The Bear.

Na televisão, houve ainda prémios para Better Call Saul pelo episódio Plan and Execution, The One, The Only de Hacks e Last Week Tonight de John Oliver continuou a acumular prémios por escrita para uma série de comédia ou talk-show.

No fim de semana, Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo também arrecadou os prémios de cinema independente Spirit de realização, actriz principal e melhor filme.

Os prémios da WGA (sigla original para a Writers Guild of America) foram também marcados por um tema da indústria que se tornará mais visível e mediático a nível global logo após os Óscares: a iminência de uma nova greve dos argumentistas da importante produtora global de audiovisual que é a indústria norte-americana. O contrato colectivo da WGA com a Aliança de Produtores de Cinema e Televisão (AMPTP, na sigla original) está a chegar ao fim (1 de Maio) e o mundo do entretenimento mudou outra vez, e muito, desde que as condições acordadas entre as partes foram pela última vez firmadas.

A entrada dos serviços de streaming na equação, a elevada quantidade de produção e a redução do tamanho das equipas de argumentistas, bem como a fórmula de cálculo dos pagamentos num novo audiovisual em que as séries são mais curtas em número de episódios e existência, bem como os direitos de autor concomitantes à exibição são alguns dos temas quentes em cima da mesa.

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