Alberto e Charlene: príncipes do Mónaco celebram 11 anos de uma união atribulada

Filhos escondidos, doenças e rumores de separação são alguns dos escândalos que marcaram o casamento dos príncipes — resistente a tudo. Alberto e Charlene são pais dos gémeos Gabriella, condessa de Carladès, e Jacques, príncipe herdeiro do Mónaco.

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Charlene e Alberto casaram pela igreja a 2 de Julho de 2011 Reuters/POOL

Há 11 anos, o príncipe Alberto do Mónaco e Charlene deram o nó numa cerimónia saída de um conto de fadas, seguida atentamente um pouco por todo o mundo. Mas a vida do casal nem sempre é digna de uma história encantada e muita tinta tem corrido sobre a família real monegasca: filhos escondidos, doenças e rumores de separação. No ano passado, quando celebraram uma década de união, a princesa estava na África do Sul, onde esteve vários meses doente. Um beijo apaixonado partilhado em público, nas últimas semanas, pareceu serenar as dúvidas que pairam sobre a vitalidade do casamento, até quando não se sabe.

Uma nadadora olímpica conhece um príncipe

Charlene Wittstock, nasceu, em 1978, na Rodésia, actual Zimbabwe, mas cresceu na África do Sul. Desde cedo, notabilizou-se na natação, tendo conquistado três medalhas de ouro e uma de prata nos Jogos All-Africa de 1999, em Joanesburgo, e uma de prata nos Jogos da Commonwealth em 2002. Fez ainda parte da equipa feminina de natação sul-africana que foi aos Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000, e que terminou em quinto lugar.

Terá sido precisamente no ano de 2000 que conheceu o príncipe Alberto do Mónaco, no evento Mare Nostrum, organizado pelo principado, no qual Charlene arrecadou a medalha de ouro pelos 200 metros. A experiência olímpica terá sido um dos pontos em comum entre os dois — Alberto, filho de Rainier III e de Grace Kelly, tinha feito várias vezes parte da equipa de bobsleigh do Mónaco durante os Jogos Olímpicos de Inverno.

É nos Jogos Olímpicos de Inverno que alguns anos mais tarde, em 2006, fazem a primeira aparição pública como casal. Nesse mesmo ano, Wittstock muda-se para o principado e começa a acompanhar Alberto em alguns eventos oficiais.

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O casal de namorados nos Jogos Olímpicos de 2008 REUTERS/ERIC GAILLARD

Oficialmente regente do Mónaco e a paternidade

Ainda que tenha conhecido Charlene em 2000 e se acredite que os dois tenham mantido um romance durante vários anos antes de ser tornado público, em 2003 nasce Alexandre, filho de Alberto e de Nicole Coste, uma assistente de bordo com quem manteve um romance durante vários anos. A relação começou num voo entre o Mónaco e Paris, em 1997, e prolongou-se até 2002. Em 2005, numa entrevista à revista Paris Match, a ex-hospedeira da Air France denunciou a ausência do príncipe e lamentou que o filho estivesse a crescer sem pai. Pouco depois, a paternidade do menino seria reconhecida.

Em 2005, morre Rainier III e Alberto torna-se príncipe regente do Mónaco — a pressão para casar e ter herdeiros legítimos começa a aumentar. No ano seguinte, mais um escândalo abala a reputação de Alberto e leva-o a confirmar mais uma paternidade: também Jazmin Grimaldi é sua filha. A norte-americana, agora com 30 anos, é fruto de uma breve história de amor entre o príncipe e a cantora Tamara Rotolo. “Não ter aquela figura na minha vida, fez-me falta. É fantástico ter acontecido quando aconteceu, e temos tido uma excelente relação desde então”, contou a jovem numa entrevista à revista Harper’s Bazaar, em 2015. Contudo, pouco se sabe da relação entre Charlene com Alexandre e Jazmin — ambos sem direito ao título de príncipes.

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Os quatro filhos de Alberto: os gémeos Jacques e Gabriella com Jazmin e Alexandre INSTAGRAM/JAZMINGRACEGRIMALDI

O dia do “sim” e os gémeos

A 23 de Junho de 2010, Alberto e Charlene ficam oficialmente noivos, depois de vários meses de especulação por parte da imprensa tablóide. Do anel de noivado sobressaía um vistoso diamante em forma de pêra. O grande dia chegaria em Julho do mesmo ano e o casal teve direito a duas cerimónias, mas não sem antes surgirem rumores na comunicação social. “Charlene foi considerada a noiva em fuga, porque dizia-se que ela se tinha arrependido e quis acabar com o casamento. Isso foi tudo desmentido pela família real”, recordou ao PÚBLICO o jornalista especialista em monarquias Alberto Miranda.

A fotografia de anúncio do noivado em 2010 REUTERS
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A fotografia de anúncio do noivado em 2010 REUTERS

A 1 de Julho casaram pelo civil na Sala do Trono do Palácio. Como testemunhas, o casal escolheu Christopher Le Vine, primo direito de Alberto, e Donatella Knecht de Massy, a mulher de um dos netos da princesa Antonieta do Mónaco, tia do noivo. O “sim” dos noivos foi aplaudido por milhares de pessoas que, na praça do palácio, empunhavam bandeiras da África do Sul e do principado. Na cerimónia estiveram também as princesas Carolina e Stéphanie, irmãs de Alberto. A noiva usou um fato de saia azul Chanel.

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A cerimónia civil a 1 de Julho REUTERS/ERIC GAILLARD

No dia seguinte, a grande cerimónia religiosa, celebrada pelo monsenhor Bernard Barsi, arcebispo do Mónaco, foi manchete em toda a Europa. Charlene, num vestido branco com mais de 40 mil cristais, uma criação Giorgio Armani, e Alberto, num uniforme militar, mostraram-se emocionados durante a cerimónia. No momento do “sim”, Alberto piscou o olho a Charlene, arrancando um sorriso à mulher. A troca de alianças foi acompanhada por uma canção tradicional sul-africana, interpretada por Pumela Matshikiza, para desejar boa sorte aos noivos.

Entre os mais de 800 convidados, destacaram-se o então Presidente francês, Nicolas Sarkozy, os criadores de moda Giorgio Armani e Karl Lagerfeld, a supermodelo Naomi Campbell e membros de várias casas reais europeias. O copo de água e baile de gala aconteceram ao final do dia nos terraços da Ópera de Monte Carlo.

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Os convidados da cerimónia REUTERS
Naomi Campbell REUTERS
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Três anos, em Maio de 2014, o casal anuncia a gravidez de Charlene. Alguns meses depois os príncipes revelam que, afinal, estão à espera de gémeos. A 10 de Dezembro, Charlene dá à luz Gabriella, condessa de Carladès, e Jacques, príncipe herdeiro do Mónaco. Nas redes sociais oficiais da princesa é comum ver fotografias das crianças de 7 anos.

O mistério da doença de Charlene

Durante o ano passado, Alberto e Charlene deram que falar e não pelos melhores motivos. Primeiro, a princesa viajou para a África do Sul, com o intuito de promover o fim da caça furtiva a rinocerontes, uma missão que se revelou um sucesso. Mas acabou por se ver impedida de regressar ao principado e para junto da família quando lhe foi diagnosticada uma infecção aos ouvidos, nariz e garganta — a notícia foi dada em Maio, para explicar a sua ausência do Grande Prémio de Fórmula 1 do Mónaco, mas a situação clínica ter-se-á agudizado, obrigando-a a ficar no país africano onde cresceu.

Ao longo dos meses, foi submetida a vários procedimentos cirúrgicos, mas a imprensa tablóide não se coibiu de concluir que o que a mantinha na África do Sul era o fim do casamento com Alberto. E, quando foi anunciada nova cirurgia, houve até quem dissesse que a situação era de quase morte. Os rumores ganharam tal dimensão que o príncipe teve a iniciativa de esclarecer, numa entrevista, que estava tudo bem com ambos. Já a família de Charlene veio a público sublinhar que a ex-nadadora olímpica nem quase morreu, nem o casamento está em perigo.

Só em Março deste ano, voltou ao Mónaco para ficar e começou a retomar gradualmente os deveres e compromissos oficiais. Recentemente, em declarações ao jornal francês Nice Matin, a princesa voltou a reforçar que o tempo em que esteve longe dos holofotes foi por causa de questões de saúde, como informado pelo Palácio do Príncipe, que chegou a referir que a mulher de Alberto sofria de um “profundo cansaço geral”​. Charlene deu ainda conta de que está melhor, mas que ainda não se sente a 100%. “A minha saúde ainda está frágil e não quero apressar as coisas”, disse.

Há poucos dias, o casal e os filhos fizeram a primeira visita oficial estrangeira desde o regresso de Charlene. Na viagem à Noruega partilham um raro momento de afecto em público — depois de uma visita ao Museu Fram em Oslo, os príncipes beijaram-se de forma inesperada (ou nem tanto, já que sabiam estar a ser fotografados). Um beijo confirmou que, apesar dos percalços e o escrutínio público, o casamento de 11 anos não se deixa abalar.

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