Costa elege Marcelo como o “garante” da defesa da floresta e oferece-lhe um bonsai

Chefe de Estado gosta da “boa tradição” de o Presidente participar no Conselho de Ministros. O primeiro-ministro lembrou “excelente cooperação institucional” e ofereceu um bonsai centenário a Marcelo.

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A oferta: um bonsai LUSA/TIAGO PETINGA

O primeiro-ministro e o Presidente da República mostraram, nesta quinta-feira, estar em perfeita sintonia na defesa da floresta. E, no final do Conselho de Ministros em que Marcelo Rebelo de Sousa participou para assinalar o final do seu mandato, trocaram elogios. António Costa até tinha uma prenda para o Chefe de Estado.

Com a presença de Marcelo no Conselho de Ministros, António Costa quis assinalar o final do primeiro mandato presidencial, mas não só. “Com esta iniciativa, pretende-se realçar as boas relações entre os dois órgãos de soberania e o espírito de cooperação institucional que existe entre ambos”, dizia a nota de agenda do Governo, lembrando ainda que também Cavaco Silva tinha estado numa reunião de ministros no final do seu segundo mandato. Marcelo chamou-lhe “uma boa tradição”, por “uma questão de cortesia e de solidariedade institucional”. E partiu de imediato para um comentário ao tema principal do encontro: medidas para a floresta.

Marcelo Rebelo de Sousa considerou que é “fundamental que haja uma solidariedade estratégica” em matéria de ordenamento do território. “Em matéria florestal, todos nós nos lembramos daquilo que foi a tragédia de 2017. Todos nós nos recordamos, antes de 2017 e ao longo de sucessivos tempos históricos, quando ainda não havia democracia e depois em democracia, do flagelo dos incêndios florestais”, acentuou o Presidente.

Por isso, Marcelo salientou a importância da prevenção dos incêndios e de “haver uma visão conjunta e de uma estratégia que envolva todos”, como aconteceu depois dos grandes incêndios de 2017. 

“Neste Conselho de Ministros foram debatidos e aprovados vários diplomas, mas acima de tudo foi apreciada aquilo que é uma estratégia nacional que visa prevenir, muito mais que combater os incêndios florestais. E intervir naquilo que é decisivo para que haja ou não fogos florestais”, acrescentou.

No dia em que se assinalam os 20 anos da queda da ponte de Entre-os-Rios, Marcelo afirmou “que os portugueses percebem bem a importância de estar em curso esta estratégia de longo prazo”.

“Não há nada como prevenir para depois não ter de remediar”, concluiu, considerando que no Conselho de Ministros se “sentaram todos os portugueses, porque esta é uma questão nacional.

António Costa começou por agradecer ao Presidente da República “a honra” que deu ao Governo ao ter participado no encontro. Lembrou que há cinco anos, com a presença de Cavaco Silva, o mar foi tema principal, porque tinha marcado o mandato do anterior Presidente. Agora, o tema escolhido foi o das florestas porque “marcou profundamente, até por razões trágicas, o mandato de Marcelo.

“Quisemos, com este convite, que não foi uma mera cortesia, sinalizar a excelente cooperação institucional que pudemos viver ao longo destes cinco anos e também a solidariedade estratégica que temos tido sobre a necessidade de intervir sobre a floresta”, disse Costa.

O primeiro-ministro frisou o trabalho que o Governo tem feito nesta matéria, lembrou a redução do número de incêndios e de área ardida nos últimos anos e a importância de “ter deslocalizado o tema da floresta do flagelo do fogo” para as áreas que são a causa dos fogos, como o desordenamento do território.

“Tenho a certeza de que o senhor Presidente da República, no novo mandato que inicia na próxima terça-feira, é o garante de, para lá desta legislatura, assegurar a continuidade daquilo que é uma aposta estratégica do país e que não pode ser simplesmente uma aposta deste Governo”, acentuou Costa.

E, “como símbolo desta perenidade, Costa ofereceu a Marcelo um bonsai já centenário, como exemplo do que é preciso ter: “Uma floresta que dure além das nossas próprias existências, quer nas funções políticas, quer na própria vida”. Depois, seguiram ambos para o Palácio de São Bento, onde tiveram um almoço de trabalho.

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