Costa vai propor a Marcelo encontros regulares com membros do Governo

Cavaco deu as boas-vindas no Palácio de Belém ao Presidente eleito.

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Marcelo e Cavaco encontraram-se às 12h30 Enric Vives-Rubio
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Costa e Marcelo no encontro desta quinta-feira à noite Pedro Nunes

O primeiro-ministro, António Costa, afirmou que o jantar desta quinta-feira à noite com o Presidente da República eleito visa começar a abordar assuntos de Estado, e revelou que irá propor a Marcelo Rebelo de Sousa encontros regulares com outros membros do Governo.

Questionado, em Haia, após um encontro com o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, sobre o convite dirigido a Marcelo Rebelo de Sousa para um jantar em São Bento, António Costa disse considerar "fundamental os órgãos de soberania terem uma boa cooperação institucional".

"Com o actual Presidente da República [Aníbal Cavaco Silva] temos tido uma relação normal e cordata e, nesta fase em que ainda não estou impedido protocolarmente de convidar o Presidente da República, achei que era uma boa altura para convidar o professor Marcelo Rebelo de Sousa para jantar, ele teve essa disponibilidade, e acho que é bom, pois devemos aproveitar este período da transição para desde já acompanhar um conjunto de assuntos de Estado, que são conduzidos pelo Governo", explicou.

Nessa medida, revelou António Costa, vai propor a Marcelo Rebelo de Sousa "que se possam seguir ao longo dos próximos meses reuniões com vários membros do Governo, em particular daquelas áreas como a Defesa, os Negócios Estrangeiros, a Presidência e as questões da segurança interna, onde naturalmente o Presidente da República tem que ter um acompanhamento mais próximo daquilo que é a política do Estado".

O primeiro-ministro e o Presidente da República eleito agendaram para as 21h, na residência oficial de São Bento, um jantar, que levará mesmo António Costa a regressar mais cedo a Lisboa, disse o próprio em Haia.

Este jantar de António Costa com Marcelo Rebelo de Sousa acontece depois de o Presidente da República eleito ter uma audiência (seguida de almoço) com o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, no Palácio de Belém, e de se reunir a meio da tarde com o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, no parlamento.

Da sala dos Embaixadores aos Passos Perdidos
Às 12h30 em ponto, Cavaco Silva e Marcelo Rebelo de Sousa entraram na sala dos embaixadores por portas opostas, atravessando até ao meio, onde deram o primeiro aperto de mão.

"Senhor Presidente eleito, bem-vindo a esta casa que em breve será sua", disse Cavaco Silva dirigindo-se a Marcelo Rebelo de Sousa.

Depois, o Chefe de Estado e o Presidente eleito colocaram-se lado a lado de frente para as dezenas de fotógrafos e operadores de câmara presentes na sala, numa "ditadura dos fotógrafos", conforme gracejou Cavaco Silva.

"Os fotógrafos são como Deus, estão em todo lado", respondeu Marcelo Rebelo de Sousa.

Depois da fotografia da praxe, visivelmente bem-dispostos, Cavaco Silva e Marcelo Rebelo de Sousa dirigiram-se para o gabinete do Presidente da República, ao lado da sala dos embaixadores.

O encontro, segundo disse quarta-feira Marcelo Rebelo de Sousa, "faz parte da lógica das transições" para o Presidente cessante passar as pastas ao seguinte.

Mais tarde, nos Passos Perdidos, no andar nobre do Palácio de São Bento, as duas bandeiras – a de Portugal e a da Assembleia da República – marcavam espaço em que o Presidente da Assembleia iria receber o Presidente da República eleito no domingo. Eduardo Ferro Rodrigues quis assim assinalar, de forma especial, um encontro de cariz informal. Só depois se encaminharam para a sala de visitas oficial onde o Presidente da Assembleia costuma receber os convidados.

À hora marcada – 16h30 - , Marcelo Rebelo de Sousa chegou aos Passos Perdidos, onde já estavam posicionadas as câmaras de televisão e os jornalistas, e foi de imediato cumprimentado por Ferro Rodrigues.  Os dois trocaram algumas palavras, posaram para as câmaras e os fotógrafos e voltaram a dar um aperto de mão para a imagem. Na sala de visitas, o Presidente da Assembleia ofereceu ao professor catedrático de direito uma Constituição e um Regimento do Parlamento em versão de bolso.

O encontro durou perto de 50 minutos e, no final, nenhum dos dois prestou declarações aos jornalistas. Não é habitual os Presidentes da Assembleia receberem convidados nos Passos Perdidos, mas Ferro Rodrigues quis, com esse gesto, retribuir a disponibilidade imediata de Marcelo para uma audiência, depois de no domingo o ter felicitado por telefone pela vitória eleitoral, segundo a assessoria de imprensa do presidente da Assembleia.

A "boa esperança" de Sampaio
Marcelo Rebelo de Sousa recebeu, na quarta-feira à noite, a benção política de Jorge Sampaio. Este ex-Presidente da República felicitou-o pela vitória nas eleições presidenciais e afirmou ter "boa esperança" em relação ao que ele pode fazer pelo país na Presidência da República.

"Os meus parabéns ao novo Presidente da República. Conheço bem do que se trata, nas circunstâncias actuais que são obviamente muito exigentes e muito difíceis, num país que está também em condições difíceis e muito exigentes", frisou Jorge Sampaio, à margem de uma conferência, em Lisboa.

Na opinião de Jorge Sampaio, Marcelo Rebelo de Sousa "ganhou e ganhou bem", desejando que o agora eleito Chefe de Estado "tenha uma excelente presidência porque isso é importante para o sistema político português, para o sistema do Governo e para Portugal".

Recusando fazer quaisquer avaliações pessoais, disse ter "uma boa esperança, sincera, em relação àquilo que o professor Rebelo de Sousa como Presidente da República pode fazer pelo país", admitindo que ele pode ajudar a "sarar as feridas que existem", usando uma expressão do próprio Marcelo.

"Uma pessoa com tantas capacidades tem agora esta grande ocasião de demonstrar que pode ser estadista numa situação que é difícil e em que o revigoramento da função presidencial vai estar na ordem do dia", defendeu.

Apontou que a eleição "decorreu com alto civismo e participação", lembrando que se tratou de uma campanha "muito extensa" e muito próxima das eleições legislativas.

Sobre a forma como decorreram as eleições presidenciais para o PS, Jorge Sampaio começou por recusar fazer qualquer comentário, mas depois acabou por defender que é tempo de por o que aconteceu "para trás das costas" e que o PS tem que olhar em frente.

"As presidenciais encerraram-se, encerrou-se esse capítulo, o país precisa agora de um Governo ativo nas circunstâncias atuais que são difíceis e exigentes, sobretudo no contexto europeu que estamos a viver", ressalvou.

Questionado sobre o facto de terem existido duas candidaturas (Sampaio da Nóvoa e Maria de Belém) próximas do PS e de isso poder fraturar o partido, Jorge Sampaio foi perentório, afirmando que conhece bem o PS: "Não acho que isto mereça nenhuma fratura, nenhum protagonismo especial seja de quem for".

"As funções estão encontradas, vamos ver o que se pode extrair delas. Acho que não se devia perder tempo com coisas que tem a ver com o passado", concluiu. com Lusa

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