2023, o ano da desinteligência natural

No Brasil, o ano ficou marcado por zangas e notícias não tão empolgantes.

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Foi em 2023 que surgiu a nossa grande contradição: no ano da Inteligência Artificial fomos marcados pela Desinteligência Natural DR/Markus Winkler via Unsplash
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2023 foi pesado. Aqui no Brasil, o ano que começou com uma festa pacífica e plural na posse de um novo governo foi abalado pela tentativa de golpe do dia 8 de Janeiro, uma ferida na história da democracia que ainda permanece aberta.

O ano que começou com quebra-quebra seguiu com muitas notícias ruins, de feminicídios a ataques a escolas, de casos de abuso a um tsunami de golpes, de escândalos a envolverem artistas e influenciadores a violência urbana e policial, de terrorismo a guerras.

Também sofremos com as mortes de artistas como Glória Maria, Rita Lee, Zé Celso, Palmirinha Onofre, João Donato, Aracy Balabanian, Lolita Rodrigues, Juca Chaves, Walewska, Tina Turner, Matthew Perry, Sinéad O’Connor.

Mas foi em 2023 que surgiu a nossa grande contradição: no ano da inteligência artificial, fomos marcados pela desinteligência natural.

A palavra ‘desinteligência’ é bastante comum no meio policial e descreve uma ocorrência onde há um desentendimento entre as partes envolvidas, mas que, apesar da falta de acordo, não configura crime. Por exemplo, uma filha que trabalha desde criança, como Larissa Manoela, e não tem verba nem para comer milho na praia, porque os pais controlam todo o dinheiro que ela recebe. Ou a relação conturbada entre fãs de Agenor Tupinambá que descobrem que há mais carrapatos entre os conteúdos na nuvem e na terra do que sonha a Capivara Filó.

A desinteligência também esteve presente no reencontro de Xuxa e Marlene Mattos, na garota que foi confundida com uma amante do Neymar, na atitude de Bruno de Luca em não ajudar o amigo Kayky Brito quando este foi atropelado, nas brigas de fandoms de participantes de reality shows e até nas confusões de quem faz reforma em apartamento alugado.

O ano também foi de muito desentendimento entre casais. Separações como as de Sandy e Lucas Lima geraram comoção em todos nós que acreditávamos que o amor do casal fosse imortal como na canção. Já o fim do namoro efémero de Luísa Sonza com Chico Moedas foi o campeão de memes e serviu muito mais entretenimento do que compaixão.

Ao longo do ano, as desinteligências foram tomando as redes, os influenciadores e chegámos a absurdos como pessoas sem ética a divulgarem jogos de azar e levando seguidores a grandes perdas financeiras, perfis sem nenhuma preparação a divulgarem boatos intencionalmente criados que geraram tragédias irreversíveis.

Felizmente, tivemos algumas notícias nesse ano fatídico. Parámos de falar em MC Pipokinha. Ana Hickmann livrou-se de um traste. E Thiago Brennand foi preso. Agora é juntar coragem, respirar fundo, curtir futilidades divertidas como o Big Brother Brasil 24 e renovar as esperanças para que 2024 seja um ano bom, com menos desinteligência e mais paciência. Porque, 2023, olha, que aninho desnecessário.


Exclusivo PÚBLICO/Folha de S.Paulo
O PÚBLICO respeitou a composição do texto original, com excepção de algumas palavras ou expressões não usadas em Portugal.

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