Bolsas recuperam de forma ligeira e sem anular perdas acumuladas

Europa e Ásia voltaram a terreno positivo, mas a trajectória geral de Junho continua a ser descendente. Banco do Japão optou por manter taxa de juro.

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Reuters/Lucas Jackson

A sensação de fim de ciclo que se viveu esta semana nas principais praças mundiais - com a subida das taxas de juro a induzir a ideia de que acabou o tempo do dinheiro barato e vem aí uma recessão - aliviou ligeiramente nesta sexta-feira, que foi de alguma recuperação nos índices bolsistas quer na Europa, quer na Ásia e também nos EUA.

O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou com uma ligeira subida (0,12%) face à véspera, fechando com nota positiva uma semana em que desvalorizou 4,13%. Desde que o Banco Central Europeu (BCE) anunciou que subiria a taxa de juro em 0,25 pontos percentuais a partir de Julho, este índice recuou 9,2%.

No resto da Europa, houve bolsas que também encerraram a semana a subir (Madrid e Frankfurt) e outras mantiveram a trajectória descendente (como Paris, Londres e Lisboa). Em todo o caso, todas estas praças registam quebras, desde o anúncio do BCE, nos respectivos índices, com variações negativas entre 6,7% (Lisboa) e 9,9% (Londres).

Hong Kong e Xangai também recuperaram da “maré vermelha” que tem arrastado os índices bolsistas para baixo e mesmo os três principais de Wall Street (S&P 500, Dow Jones e Nasdaq), nos EUA, estavam esta sexta-feira a negociar em terreno positivo. Porém, é indisfarçável que a política das autoridades monetárias na Europa e nos EUA face à inflação persistente, com aumentos nas taxas de juro sem precedentes nas últimas décadas, está a cortar pela raiz o optimismo de muitos investidores em acções.

A ténue recuperação desta sexta-feira na bolsa nova-iorquina não impede a terceira semana consecutiva de desvalorização bolsista, com os três índices já referidos a perderem entre 8% e 10% de cotação nos últimos 30 dias.

A calma também parece ter regressado ao mercado de obrigações, com os juros da dívida soberana de países que estavam mais pressionados, como a da Itália, Espanha ou Portugal, a recuarem depois da promessa do BCE de intervir para evitar uma nova “fragmentação” na zona euro entre economias resistentes e economias mais fragilizadas pelo endividamento.

Em particular a dívida italiana, que atingiu um pico desde 2013, com uma taxa de juro no mercado secundário de 4,19%, inverteu a tendência fechando a semana com uma taxa nos 3,58%, segundo dados da Reuters.

No mercado monetário, nota de destaque para a desvalorização da moeda japonesa face ao dólar e ao euro, depois de o Banco do Japão ter anunciado nesta sexta-feira que, ao contrário dos seus congéneres europeu e dos EUA, mantém as taxas de juro tal como estão.

O iene está no valor mais baixo face ao dólar em 24 anos e a principal preocupação das autoridades nipónicas é o estado prolongado de anemia da sua economia doméstica. Por isso, o Banco do Japão tomou a decisão de manter compras ilimitadas das obrigações de dívida pública japonesa a uma taxa de 0,25% e, para o crédito de curto prazo, manteve a taxa a -0,1%.

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