Seis milhões para reescrever uma tempestade: a gráfica da Porto Editora reabriu

Grupo investiu seis milhões de euros para recuperar espaço que foi destruído pela depressão Gisele, há 18 meses. Com uma capacidade de produção anual de 16 milhões de livros, a Porto Editora inaugurou as renovadas unidades gráfica e logística, assinalando o início do ano lectivo.

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A cerimónia de inauguração das novas instalações decorreu esta terça-feira Gonçalo Dias
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O bloco gráfico tem uma capacidade de produção anual de 16 milhões de livros. Gonçalo Dias
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Cerimónia assinalou o arranque do ano escolar e a "rentrée" literária Gonçalo Dias

O grupo Porto Editora inaugurou oficialmente as renovadas instalações das empresas Bloco Gráfico e Zuslog na Maia, num investimento superior a seis milhões de euros. A cerimónia, que decorreu esta terça-feira, 3 de Setembro, assinalou o arranque do ano escolar e a rentrée literária, bem como o 75º aniversário da editora portuense, fundada em 1944.

Depois do acidente de Março do ano passado causado pela passagem da depressão Gisele, que levou à evacuação de todo o complexo e que foi considerado como difícil de catalogar pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), foram reerguidas as duas unidades do complexo da Porto Editora na Maia – gráfica e logística. Os responsáveis da editora chegaram a avançar, na altura, que a impressão e distribuição de manuais escolares poderia ameaçar o arranque do ano lectivo. O prejuízo, que terá rondado os sete milhões de euros, aproxima-se do valor que a Porto Editora investiu agora na recuperação da sua capacidade logística e na reconstrução da unidade gráfica.

Durante cerca de um ano e meio, período de reconstrução das instalações da Bloco Gráfico e da Zuslog, a editora garantiu, em declarações à agência Lusa, ter assegurado a manutenção dos postos de trabalho e dos respectivos direitos laborais dos 180 trabalhadores destas unidades, que continuaram a receber os seus vencimentos ao dia certo. Para Vasco Teixeira, da administração do grupo Porto Editora, “o que os trabalhadores fizeram é quase inqualificável”. “Foi com a ajuda deles que começámos os primeiros trabalhos de limpeza. Foi um trabalho imenso e durante semanas, os trabalhadores ajudaram e foram inexcedíveis”, acrescentou, a propósito, o responsável.

Em simultâneo, a editora revelou ter sido capaz de encontrar meios alternativos para assegurar a produção do seu trabalho editorial, o abastecimento do mercado livreiro em Portugal, Angola, Moçambique e Timor-Leste – países onde o grupo tem editoras locais –, e ainda continuar a exportar para 90 países. Segundo Vasco Teixeira, “foram tempos difíceis, mas desafiantes”. No entanto, “hoje temos uma unidade gráfica moderna, com soluções modernas e sustentáveis e a funcionar em pleno”, frisou o responsável, após se ter conseguido evitar situações mais graves no funcionamento do mercado, graças “ao espírito de equipa forte e dinâmico”.

Segundo dados enviados à imprensa, o bloco gráfico tem agora uma área de 12.887 metros quadrados e uma capacidade de produção anual de 16 milhões de livros, desde manuais escolares ao género literário. Já a área intitulada Zuslog tem 14 mil metros quadrados e uma capacidade de armazenamento de 21 mil europaletes, 70 mil contentores e 12 milhões de livros. Quanto à capacidade de distribuição, esta traduz-se em 12 mil encomendas e 15 mil volumes expedidos por dia.

Questionado sobre o possível aumento destas novas instalações, Vasco Teixeira asseverou que “a unidade está dimensionada para as necessidades” da editora, o que quer dizer que apesar de se terem feito “alguns ajustes e afinações”, não houve nenhum crescimento substancial.

A Porto Editora disse ainda ter recebido “apoio e solidariedade de muitas instituições e empresas”, nomeadamente da autarquia e dos Bombeiros da Maia, relembrando que, em 2018, conseguiu exportar “mais de quatro milhões de livros”.

A cerimónia de inauguração das instalações, que contou com a presença do secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade, José Gomes Mendes, e do presidente da Câmara da Maia, António Silva Tiago, abrangeu também um open day ("dia aberto” em português), que permitiu a realização de visitas guiadas para apresentar as diferentes etapas da edição de um livro. O momento foi assinalado também com a comparência de, aproximadamente, 120 convidados – entre os quais estiveram representantes da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros, da Associação Empresarial de Portugal, da Confederação Nacional das Associações de Pais, da Associação Nacional de Dirigentes Escolares e da Associação Portuguesa das Indústrias Gráficas e Transformadores de Papel –, que puderam assistir ao descerramento da placa comemorativa.

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A cerimónia contou com a presença do secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade e do presidente da Câmara da Maia Gonçalo Dias

O secretário de Estado-Adjunto e da Mobilidade, José Gomes Mendes, fez questão de congratular o grupo, destacando a coragem de todos, “que não são de desistir, mas de reconstruir”. Já para o presidente do executivo da Maia, António Silva Tiago,​ “esta é uma nova e moderna unidade”, que se traduz “num claro entendimento de partilha colaborativa”. Editado por Isabel Aveiro

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