Ao fim de 13 anos, João Rodrigues deixa o restaurante Feitoria: é ”o começo de uma nova etapa”

Considerado um dos melhores chefs do país, manteve a estrela Michelin do Feitoria por mais de uma década, além de somar prémios e distinções. Agora, deixa as cozinhas do Altis. Com as mãos no seu Projecto Matéria, dedicado aos produtos e produtores portugueses, e os “olhos já no futuro”.

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O chef deverá agora dedicar-se mais a fundo no Projecto Matéria RUI GAUDÊNCIO

“Será João Rodrigues o chef mais consensual de Portugal?”, perguntava-se num recente programa Pratos Limpos do PÚBLICO, que contou com a participação do agora ex-chef do restaurante Feitoria, em Lisboa. O certo é que é definitivamente um dos mais celebrados e distinguidos. Ao longo de 13 anos, Rodrigues chefiou o restaurante do Altis Belém e somou prémios. Agora, diz, é altura de “fechar ciclos para que outros se abram": o chef confirmou o fim do seu comando da cozinha do Feitoria e, sem avançar muitos detalhes, anuncia o “começo de uma nova etapa”.

“O caminho foi duro, construído com altos e baixos, mas com um saldo francamente positivo, e com muitas conquistas a vários níveis que me orgulham”, diz no seu comunicado publicado no Instagram.

O caminho, refira-se, para Rodrigues, passou pela formação em cozinha e pastelaria e posterior passagem por restaurantes como o Bica do Sapato, Pragma e pelo Ritz Four Seasons. Tornou-se chef executivo do Feitoria em 2013 e, em 2019, noutro Altis, o da Avenida, do Rossio Gastrobar.

Com João Rodrigues à frente, o Feitoria manteve a estrela Michelin ao longo dos últimos onze anos, e não faltaram distinções para o seu trabalho: por exemplo, foi Chef do Futuro em 2015 pela Internacional Academy of Gastronomy, distinguido com o Game Changer Award da concorrida La Liste em 2021, ou, sublinhe-se, é há seis anos consecutivos o Chef Preferido no Top 10 dos Prémios Mesa Marcada, decididos por especialistas e gastrónomos. No ano passado, foi também distinguido como Embaixador da Gastronomia Iberoamericana, no Congresso Gastronómico Binómico.

Sem avançar detalhes em relação ao futuro pós-Feitoria, João Rodrigues deixa pistas, que até permitem adivinhar o menu do que aí vem: em comunicado, refere-se que a saída do Altis é “um passo” que, “organicamente, culminará na materialização de toda esta jornada e que será revelado a seu tempo”.

A materialização da “jornada” passará necessariamente por uma maior aposta no Projecto Matéria, uma iniciativa acarinhada e levada a cabo por Rodrigues desde 2020 que inclui uma plataforma e um site para divulgação dos melhores produtos e produtores portugueses. Uma rede de partilha que nasceu porque faltava algo assim: “Liguei a chefs amigos espalhados pelo país e percebi que havia uma falta de informação generalizada”.

Todos conheciam alguns produtores, mas, referia João à Fugas em 2020, faltava uma rede que ligasse tudo isto: “Pensei que era boa ideia começar a mapear o que existia”. O projecto tem agora não só o apoio do Turismo de Portugal mas também da UNESCO.

No programa Pratos Limpos do PÚBLICO, com Alexandra Prado Coelho e Miguel Pires, João Rodrigues avançava já o desejo de criar “mais valências” no Projecto Matéria e torná-lo “algo físico” e “multidisciplinar”. O chef deixava no ar a ideia de que poderia nascer em breve um “espaço visitável” que realmente materializasse todas as ideias da rede.

“Agora, olhos já no futuro e com muita vontade do que aí vem... Vamos com tudo!”, lança João Rodrigues no Instagram. E, certamente, o que aí vem é mesmo um futuro com muita matéria.

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