Portugal emite dívida a 30 anos com taxa de juro próxima de 1%

Tesouro aproveita cenário de taxas de juro baixas para, com emissões de longo prazo, reduzir ao máximo as necessidades de financiamento do país durante os próximos anos

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Cristina Casalinho, presidente do IGCP Nuno Ferreira Santos

Aproveitando as taxas de juro historicamente baixas que actualmente se praticam no mercado, o Tesouro português realizou esta quarta-feira uma emissão de dívida de muito longo prazo. São 3000 milhões de euros que o Estado português irá receber agora dos investidores internacionais e que terá de devolver em Abril de 2052, daqui a 31 anos, pagando entretanto um juro anual de 1,022%.

A emissão de dívida sindicada (feita não através de leilão, mas com o apoio de um conjunto de bancos nacionais e internacionais) foi recebida nos mercados com um interesse nunca antes visto em operações do mesmo tipo realizadas por Portugal. A procura dos títulos de dívida emitidos pelo Tesouro português superou, de acordo com o comunicado emitido pelo Ministério das Finanças, os 40.000 milhões de euros, um valor mais de 13 vezes superior à oferta e que fez com que a taxa de juro baixasse mais do que inicialmente previsto.

A taxa de juro de 1,022% a 31 anos conseguida agora na emissão compara com a taxa de juro implícita de 0,78% que se verificava nos títulos de dívida portugueses até agora com maior maturidade, as obrigações do tesouro com prazo até 2045.

A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública - IGCP, à semelhança do que acontece com as entidades que gerem a dívida pública noutros países europeus, tem vindo a aproveitar o baixo nível de taxas de juro que se pratica actualmente nos mercados de dívida pública europeus, para realizar emissões de dívida com prazos longos. 

No início do ano, realizou a primeira emissão de dívida com um prazo próximo de 10 anos a uma taxa de juro negativa (em conjunto com uma emissão de dívida a 15 anos) e agora, na segunda operação de emissão de longo prazo do ano, assegura um financiamento por um período de tempo ainda mais largo, também a taxas de juro favoráveis, contribuindo para aliviar as necessidades de financiamento do país durante as próximas décadas.

Se o Tesouro optasse por uma estratégia de emissão de dívida em que dominassem os prazos mais curtos, obteria financiamento a um custo ainda mais reduzido, com taxas claramente negativas, mas ficaria com mais necessidades de financiamento no futuro.

No comunicado publicado a seguir à operação, os responsáveis das Finanças assinalam que “o diferencial de preço a pagar pela República, por prazos mais longos, comparativamente com prazos mais curtos, encontra-se em mínimos históricos”, defendendo por isso que “a realização de uma emissão com uma maturidade maior permite também alongar a maturidade média da dívida, sem contribuir desfavoravelmente para o aumento de encargos”.

“Portugal nunca tinha conseguido alcançar condições financeiras tão favoráveis para uma emissão com uma maturidade tão longa, representando uma poupança significativa para o país e para os contribuintes”, conclui o comunicado do Ministério das Finanças.

A emissão sindicada realizada esta quarta-feira por Portugal contou com o apoio dos bancos Credit Agricole CIB, Deutsche Bank, Morgan Stanley, J.P. Morgan, Nomura e NovoBanco.

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