A Amazónia não é “património da humanidade”, diz ministro brasileiro

O general Augusto Heleno apelida a ideia de “bobagem” e garante que as forças armadas brasileiras nunca o permitirão. A “sua soberania deve ser preservada”, sublinha o ministro do Gabinete de Segurança Institucional.

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Bombeiros a combater o fogo na Amazónia AMANDA PEROBELLI/Reuters

O Brasil jamais aceitará que a floresta amazónia seja controlada por algum organismo internacional e o ministro Augusto Heleno garante que as forças armadas brasileiras nunca permitirão que isso aconteça. Dizer que a Amazónia é património da humanidade “não tem o menor fundamento”.

“São bobagens que são ditas por alguns políticos que desconhecem totalmente não só a tradição da Amazónia do Brasil, como os direitos das nações independentes e que a sua soberania deve ser preservada”, referiu o ministro do Gabinete de Segurança Institucional do Governo de Jair Bolsonaro, em declarações à Lusa.

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General Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional Adriano Machado/REUTERS

O general Heleno, antigo comandante militar da Amazónia, considera que afirmar que “a Amazónia é para ser aproveitada pela humanidade (…) é uma barbaridade” e nunca será “permitido, não só pelas forças armadas brasileiras, como pelo povo brasileiro”.

Importante conselheiro de Bolsonaro, tendo mesmo chegado a ser equacionado para assumir a vice-presidência, o ministro lembra que dizer que a Amazónia passaria a ser controlada externamente, por ser património da humanidade, “é uma bobagem, como seria uma bobagem acreditar que, por exemplo, a Sibéria ou a Gronelândia são património da humanidade”.

Para o general, a indignação internacional pela destruição da Amazónia pelas chamas “é um alarmismo desnecessário” e “interesseiro”. “Não tenho nenhuma dúvida que essa situação criada agora teve um alvo prioritário que foi o Governo do Presidente Bolsonaro, que incomoda a esquerda mundial”, explicou.

O general Heleno considera que os incêndios na floresta amazónica foram usados como pretexto por alguns países, como França, Irlanda e Luxemburgo, para pôr em causa o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul: “Isso aí é óbvio que teve uma influência capital nas manifestações que ocorreram”.

Na verdade, “está cientificamente provado” que a Amazónia não é o pulmão do mundo e que “a maior parte da Amazónia é coberta de floresta tropical e não pega fogo, até por causa da humidade”. Daí que, afirma o ministro, são coisas “ditas de propósito para gerar angústia no mundo inteiro” – “essas manchetes de jornais ‘Amazónia em chamas’ é uma bobagem também”.

Nós precisamos de cuidar da Amazónia, fazer com que ela cresça de forma absolutamente sustentável, para que ela possa fazer com que os seus habitantes sejam os primeiros a usufruir de toda essa riqueza que ela possui”, sublinhou o general.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) brasileiro registou em Agosto mais de 30 mil focos de incêndio na floresta amazónia, número que é três vezes mais do que aquele registado no mesmo mês do ano passado e a pior série de incêndios desde 2010. Segundo o organismo, as queimadas seguem o rasto da desflorestação ilegal, já que depois da floresta derrubada, o fogo é usado para limpar a zona e permitir que haja novos campos de pastagem.

Na sexta-feira, o ministro do Meio Ambiente brasileiro, Ricardo Salles, afirmou à Reuters que o Governo não tinha recursos financeiros suficientes para contratar inspectores ambientais permanentes que permitam evitar, num território tão vasto como a Amazónia, a desflorestação ilegal.

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