PCP quer é controlo público da Caixa. Para BE a novela já devia ter acabado

Para os comunistas, a questão central continua a ser “denunciar e pôr fim à operação que o PSD, o CDS e o grande capital desenvolvem contra a CGD visando a sua privatização”. BE diz que “isto já devia estar encerrado”.

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Os partidos de esquerda já reagiram à polémica que continua Rui Gaudêncio

Depois de o ministro das Finanças ter prestado esclarecimentos, ter posto o lugar à disposição, depois de o primeiro-ministro ter reiterado a confiança em Mário Centeno e de o próprio Presidente da República ter também afirmado que aceita que Centeno se mantenha em funções “atendendo ao estrito interesse nacional, em termos de estabilidade financeira”, começam a chegar mais reacções. Os dois partidos que apoiam o Governo no Parlamento não querem desviar mais a discussão daquilo que entendem ser o essencial nesta história: os comunistas insistem no controlo público da Caixa de Geral de Depósitos (CGD); os bloquistas também entendem que a polémica levantada pela anterior administração da CGD já devia estar encerrada.

Mas a polémica continua. E os partidos da oposição continuam a acusar Centeno de estar a mentir sobre os eventuais contactos entre Governo e António Domingues, para que este e a sua administração da CGD fossem ou não desobrigados a entregar as declarações de património ao Tribunal Constitucional. O PSD, por exemplo, anunciou que vai requerer ao ex-administrador António Domingues a transcrição das mensagens escritas que trocou com o ministro das Finanças, para clarificar a “extensão da mentira de Mário Centeno” e o envolvimento do primeiro-ministro.

O PCP também já reagiu aos mais recentes desenvolvimentos em torno desta polémica, através de um comunicado no qual lembra que “sempre se pronunciou pela exigência da apresentação de declaração de rendimentos por António Domingues, ex-presidente da Caixa Geral de Depósitos”.

“A ter existido uma outra atitude do ministro das Finanças ela confronta-se com a posição e a crítica do PCP. A decisão sobre a manutenção em funções do ministro das finanças cabe ao primeiro-ministro que entretanto já se pronunciou, em articulação com o Presidente da República, pela sua continuidade”, lê-se na nota do PCP, que frisa ainda que “face a sucessivas campanhas em parte animadas por erradas decisões adoptadas pelo Governo, a questão central que continua a colocar-se é denunciar e pôr fim à operação que o PSD, o CDS e o grande capital desenvolvem contra a Caixa Geral de Depósitos visando a sua privatização”. Assim, garantem os comunistas, “o PCP agirá, como sempre, para assegurar o controlo público da CGD”.

Já a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, fala num papel “tragicamente irónico” de Mário Centeno: “Não deixa de ser tragicamente irónico que o ministro que até tem dados do ponto de vista da economia simpáticos para apresentar se esteja a expor a explicações que não têm nenhum sentido quando isto já devia estar encerrado”, disse, à margem de uma visita a uma escola em Lisboa e citada pela agência Lusa.

O BE, continuou, "não se pronuncia sobre as condições" dos ministros exercerem ou não as suas funções, focando-se antes em debater políticas com o Governo. Mais: ainda citada pela Lusa, salientou que, na segunda-feira, a novela em torno da CGD não conheceu "nenhum facto novo" e que este é um tema que está a ser "mal gerido". O que Catarina Martins fez questão de realçar foi isto: "foi derrotada qualquer visão" de fuga à "transparência" pelos gestores do banco público.

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