“Perdoem a expressão”, mas PSD quer ver “até onde vai a lata” de Centeno

Grupo parlamentar do PSD entregou nesta segunda-feira um requerimento com perguntas a António Domingues.

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Hugo Soares Rui Gaudêncio

A novela ainda não acabou e vêm aí cenas dos próximos capítulos. Pelo menos nesta terça-feira são esperadas reacções dos bloquistas e dos centristas aos mais recentes desenvolvimentos em torno da polémica sobre os eventuais contactos entre Governo e António Domingues, que chegou a ser presidente da Caixa Geral de Depósitos, mas saiu por se recusar, ele próprio e a sua administração, a entregar as declarações de património ao Tribunal Constitucional.

Nesta segunda-feira, houve mais episódios. Primeiro foi a vez de os sociais-democratas convocarem uma conferência de imprensa para anunciarem que não iriam baixar os braços: “O grupo parlamentar do PSD, em sede de comissão de inquérito, apresentará hoje mesmo um requerimento escrito a pedir quatro respostas ao dr. António Domingues, que é ele, hoje, quem está na posse da informação capaz de acabar com esta novela de uma vez por todas”, disse o social-democrata Hugo Soares, ao final da manhã. Ao final da tarde, foi a vez de o ministro das Finanças admitir, entre outras questões, que houve comunicações informais sobre o tema das declarações de rendimentos e que tem o lugar à disposição do primeiro-ministro. Logo a seguir, António Costa envia um comunicado para reiterar que mantém a confiança em Mário Centeno.

Mas afinal o que quer o PSD saber? Quer perguntar a António Domingues “se acordou ou não, de forma muito clara”, com Centeno “a alteração ao Estatuto de Gestor Público”; se há “outros documentos escritos”, “trocas de mensagens, se foi por telefone ou em reuniões particulares”; se Costa soube, em algum momento, “deste acordo e se teve alguma conversa com o dr. António Domingues sobre o tema”.

Para Hugo Soares, Costa “não pode continuar a empurrar com a barriga para a frente um problema que é um ministro das Finanças ter mentido ao país, fugir às respostas, não esclarecer a verdade”. O social-democrata considera que o primeiro-ministro não pode continuar a “desvalorizar um facto que é da maior gravidade”: “Portugal tem hoje um ministro das Finanças que mentiu ao país, mentiu numa comissão parlamentar de inquérito, o que constitui crime de falsas declarações, e continua a mentir.” Uma “mentira descarada”, disse mesmo, acrescentando: “Queremos, perdoem-me a expressão, ver até onde vai a lata do sr. ministro das Finanças.”

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