Polícia investiga motivos de casal que matou a tiro 14 pessoas na Califórnia

Casamento recente aconteceu na Arábia Saudita e autoridades não descartam pista de terrorismo. Massacre é o pior desde Sandy Hook, no final de 2012.

Farhan Khan, cunhado do alegado atirador, em conferência de imprensa
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Farhan Khan, cunhado do alegado atirador, em conferência de imprensa REUTERS/Mike Blake
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Pessoas a saírem do complexo depois do tiroteio AFP/FREDERIC J. BROWN
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Vista aérea do complexo de San Bernardino REUTERS/Mario Anzuoni
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Socorro aos feridos REUTERS/NBCLA.com
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Polícia a rodear o automóvel onde circulavam os alegados atiradores AFP PHOTO / CBS NEWS
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Autoridades investigam objecto suspeito AFP/ PATRICK T. FALLON
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Polícia faz buscas à procura de suspeitos do tiroteio AFP/ PATRICK T. FALLON
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Buscas no bairro onde viviam os suspeitos AFP/ FREDERIC J. BROWN
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Saída dos trabalhadores depois do tiroteio AFP/ FREDERIC J. BROWN
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O chefe da polícia, Jarrod Burguan, em conferência de imprensa REUTERS/Alex Gallardo
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Pessoas que estavam no complexo que foi atacado AFP/ FREDERIC J. BROWN
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A polícia em alerta Sean M. Haffey/Getty Images/AFP

As autoridades americanas identificaram já os autores do tiroteio em San Bernardino, na Califórnia: Syed Rizwan Farook, de 28 anos, e a sua mulher ou namorada, Tashfeen Malik, de 27. O casal entrou com máscaras pretas e armamento pesado num complexo que alberga vários serviços de apoio social, matando 14 pessoas e deixando 17 feridos. Não está ainda afastada a hipótese de um ataque terrorista, adianta o xerife da localidade, Jarrod Burguan.

O incidente ocorreu às 11h locais, quando se realizava uma festa que reunia dezenas de funcionários públicos do condado de San Bernardino, num complexo que alberga serviços de apoio à população com deficiência e necessidades especiais. Farook, de cidadania americana, trabalhava há cinco anos para o departamento de saúde da região, como especialista ambiental, adianta o jornal Los Angeles Times. Abandonou a festa de repente e regressou acompanhado de Malik (cuja nacionalidade e residência é ainda desconhecida), munido de várias espingardas e metralhadoras, roupa militar e possivelmente coletes anti-bala.

“Eles vinham preparados e com um propósito em mente”, afirmou o chefe da polícia. Deixaram várias bombas no local que as autoridades conseguiram detonar. E durante vários minutos instalaram o terror. “Toda a gente se atirou para o chão”, contou Denise Peraza, de 27 anos, à sua família. “Abriram fogo durante 30 segundos, indiscriminadamente, depois pararam para recarregar as armas e começaram a disparar outra vez”, cita o mesmo jornal.

Após o massacre, os dois puseram-se em fuga numa carrinha escura. Foram baleados depois de uma perseguição policial. Deixaram ainda no local vários engenhos explosivos.

As autoridades desconhecem ainda os verdadeiros motivos do ataque. “Será um atentado terrorista? Não sabemos”, afirmou David Bowdich, do gabinete do FBI em Los Angeles. Mais tarde diria que essa linha de investigação ainda não foi descartada. As armas são de calibre .223, suficientemente potentes para perfurar os coletes antibala usados pela polícia e para usar munições capazes até de abrir buracos nas paredes, diz a Associated Press.

As armas usadas no ataque foram todas compradas de forma legal nos Estados Unidos, há quatro anos, informou o Departamento de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos, duas delas por outra pessoa que está neste momento a ser inquirida, adiantou a agência noticiosa americana.

Numa conferência de imprensa do Conselho das Relações Islâmico-Americanas de Anaheim, Farhan Khan, identificado como cunhado de Farook, não encontrou palavras para explicar a tragédia. “Não faço ideia do que o levou a fazer uma coisa destas. Porque fez ele isto? Eu próprio estou em choque.”

Os colegas de Farook disseram ao Los Angeles Times que ele era tranquilo e educado, mas também bastante fechado, e que não tinha qualquer conflito aberto com alguém do escritório. Adiantaram ainda que viajara recentemente para a Arábia Saudita, de onde voltou com uma mulher que conheceu na Internet. O casal tinha uma bebé de seis meses, que deixou com a avó paterna, diz o New York Times.

Nos 336 dias de 2015 já se registaram 355 tiroteios nos Estados Unidos (o último foi na semana passada, numa clínica de planeamento familiar de Colorado Springs). Segundo o jornal The Washington Post, horas antes, na Geórgia, uma outra cena de tiroteio fez um morto e três feridos. Mas o ataque de quarta-feira foi o mais sangrento desde o massacre na escola primária de Sandy Hook, em Newtown (no estado de Connecticut), em Dezembro de 2012, em que morreram 27 pessoas – 20 crianças, seis adultos e o atacante, recorda a Reuters.

O Presidente norte-americano, que após o massacre de há três anos tentou que o Congresso alterasse as leis sobre o controlo de armas, lamentou que o país continue a ser palco de um número de ataques com armas de fogo que “não tem paralelo em nenhum outro lado do mundo”. De rosto sombrio, voltou a pedir uma vez mais aos legisladores que se entendam para aprovar “leis com bom senso” para a venda e controlo das armas de fogo.

A polícia de San Bernardino, uma localidade de 200 mil habitantes que fica a cerca de 100 km de Los Angeles, isolou o local, cortou todos os acessos à auto-estrada estadual 10 e impôs um lockdown nas escolas, hospitais e repartições públicas. Além disso, a população foi aconselhada a permanecer em cas, e a evitar deslocações na zona envolvente ao local do crime, por questões de segurança.

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