Passos e Portas superam divergências e unem-se para enfrentar Costa

PSD e CDS vão insistir na ideia de que este executivo é "politicamente ilegítimo" e avançam para moção de rejeição ao Governo PS.

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António Costa e Paulo Portas no debate do programa do governo PSD/CDS Enric Vives-Rubio

Um só texto para rejeitar o Governo PS e uma actuação das bancadas coordenada, tal como aconteceu nos últimos quatro anos. É desta forma que PSD e CDS-PP se vão apresentar no debate do programa de Governo do PS. Depois de uma reflexão interna em cada um dos partidos, ganhou a tese da moção de rejeição para demonstrar a “coerência” da mensagem: este Governo do PS é “politicamente ilegítimo” e  tem uma estratégia que pode pôr em causa a recuperação da economia. Passos Coelho e Paulo Portas fecham um ciclo lado a lado, unidos na derrota parlamentar.

Nas bancadas do PSD e do CDS é esperado que os dois líderes intervenham no debate e interpelem o primeiro-ministro António Costa, até para marcar a diferença face ao outro debate do programa de Governo PSD/CDS, em que o então líder da oposição não fez por ter um duelo com Passos Coelho. O primeiro-ministro fará uma intervenção de abertura do debate e será interpelado pelo PSD, seguido do PS.

A preparação do debate pelo PSD e pelo CDS não sofreu alterações face ao que aconteceu nos últimos quatro anos, quando os dois partidos assumiam uma coligação governativa. Cada bancada faz o seu trabalho e há troca de informações. As direcções do PSD e do CDS (neste caso com a presença de Paulo Portas) estiveram reunidas no Parlamento, em separado, ao final da tarde desta terça-feira, para preparar o debate. 

Mais difícil de ultrapassar em cada um dos partidos foi a proposta de apresentar uma moção de rejeição ao Governo do PS. Nos últimos dias ouviram-se vozes  discordantes em ambos os partidos sobre os prós e os contra da iniciativa. O assunto levou mesmo Passos Coelho e Paulo Portas a reunirem-se na segunda-feira.

Acabou por ganhar a tese de que a moção de rejeição era inevitável para manter a “coerência” do discurso em torno do Governo "politicamente ilegítimo". Mas tanto no PSD como no CDS havia quem tivesse dúvidas sobre a iniciativa por poder dar uma imagem da esquerda unida  e por representar mais uma "humilhação" para os dois partidos.

As duas bancadas somam apenas 107 votos, que não chegam para superar os dos deputados do PS, BE, PCP e PEV, os quais, por seu lado, já se comprometeram com o voto contra.

Essa mensagem da união à esquerda foi precisamente a sublinhada pelo secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Pedro Nuno Santos. “Será mais um elemento para reafirmarmos a alternativa maioritária”, declarou aos jornalistas no Parlamento, no final de uma reunião com o BE para apresentar cumprimentos.

Questionado sobre se o Governo, por seu turno, irá apresentar uma moção de confiança, Pedro Nuno Santos rejeitou essa hipótese por considerar que o Executivo “não sente desconfiança”.

Os votos contra a moção de rejeição estão assegurados nas bancadas mais à esquerda. O líder parlamentar do PCP, João Oliveira, reagiu à apresentação da moção de rejeição como uma iniciativa “relativamente expectável”, tendo em conta o discurso do PSD e do CDS. É nessa mensagem que os dois partidos vão insistir para fechar esta fase em que o Governo PS assumirá plenamente funções.

Por um lado, a ideia de que a solução governativa não tem legitimidade política das urnas, por outro a da fragilidade dos acordos alcançados à esquerda. O centro-direita vai ainda dramatizar com os efeitos da estratégia económica preconizada pelo PS e que está a ser acertada com o BE, PCP e PEV para ter aprovação parlamentar.

O discurso deverá estar alinhado para o último acto da coligação PSD/CDS. Depois, cada partido fará a avaliação sobre a estratégia a seguir nos próximos tempos. 

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