Mais de 100 mil manifestantes em Telavive exigiram libertação de reféns

Dezenas de milhares de israelitas apelaram à demissão de Benjamin Netanyahu. Atropelamento alegadamente intencional feriu cinco manifestantes.

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Familiares de reféns criticam actuação do Governo israelita Reuters/Hannah McKay
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Reféns estão sob controlo do Hamas desde 7 de Outubro Reuters/Hannah McKay
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Manifestação ocorreu este sábado Reuters/Hannah McKay
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Mais de 100 mil pessoas saíram às ruas Reuters/Hannah McKay
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Mais de 100 mil israelitas manifestaram-se este sábado em Telavive para exigir ao governo um acordo para a libertação de todos os reféns, na sequência do ataque do Hamas de 7 de Outubro, bem como eleições antecipadas. O protesto ficou marcado por um atropelamento, alegadamente intencional, que provocou cinco feridos.

“[O primeiro ministro israelita Benjamin] Netanyahu está a atrasar deliberadamente o acordo. É ele que se interpõe entre nós e os nossos entes queridos em Gaza”, gritou no protesto Einav Zangauker, cujo filho ainda é mantido em cativeiro na Faixa de Gaza.

Einav Zangauker acrescentou que “os reféns não têm tempo para eleições e não têm tempo para esperar”, insistindo que “o obstáculo ao acordo deve ser removido agora e é por isso que Netanyahu deve ser substituído imediatamente”.

Esta foi uma das maiores manifestações desde o início da guerra na Faixa de Gaza, que domingo completa seis meses, tendo a agência noticiosa EFE destacado ainda o protesto realizado no último fim-de-semana em Jerusalém e que foi convocado com as mesmas exigências e depois de o fórum das famílias dos reféns se ter associado.

“Tiraram-me a minha defesa, a minha segurança e a minha confiança. Tiraram-me tudo o que eu tinha como garantido. E ninguém veio pedir desculpa. Roubaram-me o meu país e quero-o de volta”, desabafou Anat Gilor, sobrevivente do massacre de 7 de Outubro e fundadora do Kibbutz Holit, situado a apenas dois quilómetros da Faixa de Gaza. “Nunca perdoarei o Governo por isso”, prometeu.

O ponto de encontro da manifestação em Telavive foi o cruzamento das ruas Kaplan e Begin, rebaptizado há um ano de Praça da Democracia, por ter acolhido protestos em massa contra a reforma judicial do governo de Netanyahu.

Atropelamento provocou cinco feridos

O protesto ficou, contudo, marcado por um atropelamento que terá sido intencional e que provocou cinco feridos, ficando um deles em estado grave. Os alegados autores do crime serão um casal de apoiantes de Benjamin Netanyahu que, antes de avançar contra a multidão, acusou os manifestantes de serem "esquerdistas".

O incidente gerou condenação generalizada e preocupações sobre o agravar das tensões sociais em Israel.

O atropelamento “é resultado directo do incitamento vindo do Governo e da máquina de veneno. (…) A polícia deve tratar os agressores com toda a severidade da lei", disse o líder da oposição Yair Lapid, na rede social X. “Não seremos dissuadidos ou forçados a parar de protestar até que os reféns sejam devolvidos e este terrível Governo caia."

Na mesma rede social, um dos líderes do protesto, Moshe Radman, dirigiu-se directamente a Netanyahu: “Chega de incitamento, chega de violência (…). Já destruiu o suficiente, vá embora!".

Alguns manifestantes entraram em confronto com a polícia, que efectuou pelo menos cinco detenções, e milhares de pessoas marcharam mais tarde até à sede da Histradrut, a federação sindical de Israel, para exigir uma greve geral.

Protestos pela libertação dos reféns e por novas eleições decorreram em simultâneo em dezenas de cidades israelitas, assinalando seis meses desde o ataque do Hamas a Israel, a 7 de Outubro do ano passado, em que 1200 pessoas foram mortas e mais de 200 ficaram reféns.

Os organizadores estimam que 150 mil pessoas tenham saído à rua em todo o país, um número considerado inédito desde Outubro de 2023. Centenas de manifestantes antigovernamentais conseguiram ainda aproximar-se da residência de Netanyahu em Cesareia, na costa mediterrânica, onde gritaram: “és culpado” ou “demite-te”.

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