Montenegro contra “ladainha” de Sousa Real, PAN fecha a porta à AD

Inês de Sousa Real atacou o líder da AD por ter parceiros como o CDS e o PPM. Luís Montenegro quis colar a líder do PAN à governação socialista.

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Inês Sousa Real e Luís Montenegro mostraram estar em lados políticos opostos José Alves
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Se, na Madeira, o PAN é o suporte de vida do governo PSD/CDS, na República, o partido vê esta coligação (mais o PPM) como a fonte dos males contra as mulheres e os animais. Inês de Sousa Real aproveitou o duelo com Luís Montenegro, neste domingo à noite na SIC, para enaltecer as medidas que conseguiu junto do Governo do PS. O líder da Aliança Democrática (AD) desafiou a líder do PAN a assumir toda a governação socialista e ironizou: “Nós temos mais dificuldade em fazer acordo com o PS, vocês têm mais facilidade, tenho de conceder.”

Era a colagem entre o PAN e o PS que Luís Montenegro pretendia fazer, depois do apelo ao voto útil lançado por Pedro Nuno Santos. Essa foi, aliás, a justificação dada pelo líder da AD para a atitude que viu numa adversária combativa durante todo o debate, que trouxe uma “ladainha” sobre a coligação PSD/CDS/PPM .

À segunda interrupção, Inês de Sousa Real queixou-se de estar a ser “silenciada” como mulher, o que levou o líder social-democrata a ripostar com alguma irritação: Ó Inês já chega de se fazer de vítima. Não lhe fica bem reivindicar a sua condição de mulher para se vitimizar, sinceramente”.

O debate começou por aí. A líder do PAN alegou fechar a porta a um eventual Governo da AD por considerar que não pode estar ao lado de líderes políticos que acham ser “legítimo bater-se em mulheres”, numa referência a declarações de Gonçalo da Câmara Pereira, líder do PPM.

Montenegro lamentou as afirmações e assegurou que não as conhecia antes de formalizar a AD, tentando virar o jogo para esta reedição da aliança de 1979 e para a desigualdade salarial entre homens e mulheres.

Mas Sousa Real tinha mais um argumento para virar as costas à AD: o apoio do CDS às touradas e a defesa de “chacinas como na Torre Bela”. “Não diga isso, não defende nada”, indignou-se Montenegro.

O líder da AD lembrou que o PSD tem pergaminhos na legislação de protecção dos animais e até no ambiente. “A primeira lei de protecção dos animais tem o cunho do PSD” e o próprio Montenegro era líder parlamentar do PSD, em 2014, quando foi aprovada a lei que criminalizou maus tratos a animais, reforçou.

Montenegro recordou que a Lei de Bases do Ambiente saiu das mãos dos sociais-democratas – ao mesmo tempo que Sousa Real insistia que o PSD “não respeitou” esse legado – e que esse valor foi equilibrado com outros como o do bem-estar das pessoas e o do mundo rural. “Nós não somos fundamentalistas”, provocou o social-democrata, o que suscitou resposta pronta: “Nós, também não”.

Mas as divergências não se ficaram por aqui. Enquanto Sousa Real assume já que os bombeiros também deveriam ter direito a um suplemento de missão – tal como é reivindicado pela PSP e GNR depois de ter sido atribuído à PJ, Montenegro aplica a mesma receita à que deu para as forças de segurança: “Faz sentido que possamos estudar um modelo remuneratório e de carreira”. Mas só depois das eleições legislativas.

A moderadora do debate aproveitou para perguntar se o PAN não corre o risco de se tornar inútil se a AD vencer as próximas eleições: “O único voto que não é inútil é no PAN. Votar no PS e no PSD é exactamente a mesma coisa”, respondeu. No remate final, Montenegro foi questionado sobre o que vai propor sobre a morte medicamente assistida. Mas a resposta foi prudente: esperar pela pronúncia do Tribunal Constitucional.

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