Raimundo e Sousa Real concordam sobre a agricultura; divergem na saúde e lobbying

Esta terça-feira, os líderes do PCP e do PAN estiveram frente-a-frente. A regulamentação do lobbying afasta Inês Sousa Real e Paulo Raimundo, assim como a opção de recorrer a PPP na saúde.

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Esta terça-feira foi a segunda noite de debates
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O primeiro debate desta terça-feira colocou frente-a-frente a líder do PAN e o líder do PCP. Durante meia hora e em tom amigável, Paulo Raimundo e Inês Sousa Real uniram-se no tema da agricultura, com críticas comuns à Política Agrícola Comum (PAC). Divergiram na saúde e na regulamentação do lobbying.

Quando o tema é a crise que os agricultores actualmente atravessam, Paulo Raimundo e Inês Sousa Real partilham a mesma opinião: o problema é a PAC. Questionado sobre se alguma da regulamentação ambiental imposta pela União Europeia deve ser sacrificada para reduzir o “sufoco” dos agricultores, o líder dos comunistas é claro: “O sufoco que vivem é o sufoco da PAC.”

A “questão fundamental”, diz, “é o aumento dos custos de produção, como combustíveis e rações, e da ditadura da grande distribuição”, que “esmaga” a agricultura familiar. Contornando a questão dos efeitos da regulamentação ambiental para o sector agrícola, Raimundo admitiu apenas que “pode haver este ou outro aspecto a alterar”.

Já a porta-voz do PAN, que debateu com um braço ao peito devido a uma lesão no ombro, disse que o problema está na “lógica de agricultura comum, que está subvertida”, e não nas propostas ambientais. Inês Sousa Real defende, tal como Raimundo, os “pequenos e médios agricultores” que “não têm o mesmo acesso a fundos comunitários” que as “grandes empresas de agricultura intensiva”.

As divergências entre os dois líderes fizeram-se notar sobretudo no tema da saúde, com Raimundo a defender que “não temos problemas de falta de médicos e enfermeiros no país, mas [sim] no Serviço Nacional de Saúde”. E Sousa Real a contrapor que “não temos médicos e enfermeiros suficientes”. E com a líder do PAN a admitir que “se não houver opção, a curto prazo, [as parcerias público-privadas] podem ser alternativa”, porque “ninguém deve ficar em lista de espera por questão de preconceito ideológico”. Raimundo nem precisou dizer que é contra as PPP porque essa é uma posição de princípio do PCP.

A regulamentação do lobbying também afastou os dois dirigentes. Sousa Real defende que este passo é "imprescindível para garantir maior transparência", mas Paulo Raimundo sustenta que não evita "nenhum problema de corrupção ou compadrio".

Nos minutos finais, os líderes do PAN e do PCP recusaram ainda a ideia de estarem a “lutar pela sobrevivência” no Parlamento. Para Inês Sousa Real o seu partido é “uma força útil” para o país. Já Paulo Raimundo notou que nos dois últimos actos eleitorais (Madeira e Açores), o PCP cresceu no número de votos.

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