Palcos da semana: gestos de dança, festa, música e cinema social

Nos próximos dias, há Lisboa Mistura, NANT em Viseu e Monstrare em Loulé. O Porto faz a festa do Rivoli e conhece um Ricardo III em línguas gestuais.

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Dobet Gnahoré participa no Lisboa Mistura Jean Goun
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O Ricardo III de Marco Paiva tem estreia nacional no Porto Geraldine Leloutre
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Flora Détraz traz Hurlula ao NANT - New Age, New Time Thanh-Ha Bui
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One Song, de Miet Warlop, faz parte do programa de aniversário do Rivoli Michiel Devijver
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Represa, do brasileiro Diego Hoefel, em exibição na Monstrare - Mostra Internacional de Cinema Social DR
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Mistura à escuta do mundo

Depois de terem ficado contidas pela chuva que ditou o adiamento do Lisboa Mistura em Setembro de 2023, as múltiplas correntes criativas que pulsam na cultura urbana voltam a convergir para o festival que enaltece a diferença e a diversidade. À 18.ª edição, muda novamente de poiso e instala-se no Capitólio, para albergar concertos, mas também festas, debates, oficinas e outros pontos de encontro interculturais.

Da tina guineense ao taiko japonês, a missão de “escutar a cidade e o mundo à volta” e de apontar à possibilidade de “pensar nas sonosferas como novos modelos de governança e de celebração da vida” – desejos expressos pelo fundador, Carlos Martins – cumpre-se num cartaz em que alinham Soweto Kinch, Dobet Gnahoré, Tiago Pereira, Mbalango, Toy e Emanuel Matos, Amizade Linha de Sintra, Isha Artes, Kaori Shiozawa, Jazzopa e Criatura.

Gestos de Ricardo III, inclusivamente

“De William Shakespeare desejamos as palavras e a poética, para as transformar em som, caos e gesto, redescobrindo códigos que recoloquem o teatro na esfera do indefinido, do estranho, da dúvida e do recomeço” – palavra de Marco Paiva, encenador do Ricardo III que o Porto se prepara para receber, em estreia nacional, depois da primeira apresentação em Madrid, em Outubro passado.

Nesta versão, a história do vilão mais ambicioso, sangrento e manipulador do dramaturgo está nas mãos de um elenco de actores surdos de Portugal e Espanha, com as respectivas línguas gestuais (e legendagem em português). São eles Ángela Ibáñez, David Blanco, María José López, Marta Sales, Vasco Soromenho e Tony Weaver.

Este Ricardo III é o primeiro momento do ciclo Outro Shakespeare, que propõe novos ângulos à obra do mestre do teatro inglês. Em Fevereiro, terá Outra Tempestade segundo Carlos J. Pessoa e, em Março, Hamlet, L’Ange du Bizarre por Miguel Moreira.

Desafios contemporâneos

O acto de gritar explorado por Flora Détraz em Hurlula, um concerto coreografado. A Besta, as Luas, de Elizabete Francisca, a representar a “geografia política de um corpo não submisso”. Cristina Planas Leitão a minerar O Sistema. E um espectáculo em que Coexistimos com Inês Campos.

É com um desafio de “questionamento, transformação e ousadia” e com um programa dominado por criações no feminino que Henrique Amoedo, director artístico do Teatro Viriato, chama à 12.ª edição do NANT - New Age, New Time, o festival viseense que se tem afirmado na agenda da dança contemporânea por oferecer um concentrado de criações recentes.

Também por lá passam a dupla Sofia Dias & Vítor Roriz, na abertura, a chamar a atenção dos mais pequenos para Uma Partícula Mais Pequena do Que Um Grão de Pó; o filme Ema, de Pablo Larraín; um workshop de Radical Softness dado por Planas Leitão; e uma exposição dos ilustradores Emma Andreetti e Marc Parchow, a Desenhar no Escuro a partir da última edição do festival.

Todos convocados

O Rivoli celebra o 92.º aniversário de portas abertas à cidade e à população, “com hinos comunitários, realidade virtual, a busca do encanto da dança e muitos beats”, lê-se no convite. E sem cobrar entrada para um alinhamento valioso, como é costume nas festas de anos da sala portuense.

Aqui tem lugar a primeira apresentação nacional de One Song, de Miet Warlop, uma convocatória colectiva para um “concerto/competição ao vivo”, com claque e tudo. É também aqui que se estreiam Dança, Onde Estás?, de Né Barros & Jorge Gonçalves, descrita como “uma expedição ao encontro do que encanta as pessoas para dançarem”, e Bertie, de Rita Barbosa, definida pela própria como uma “experiência de realidade virtual em rede, para váries jogadores-performers”. A SoundPreta cabe o remate da festa em DJ set.

Monstrare em liberdade

Em Loulé, é altura de Monstrare. O festival internacional de cinema, especializado em dar visibilidade a problemas e causas sociais através da sétima arte, chega à décima edição com 50 Anos de Liberdade, uma secção criada para comemorar o 25 de Abril, através de Cartas a Uma Ditadura, de Inês de Medeiros, e Nayola, de José Miguel Ribeiro.

Revolução à parte, o cartaz passa, entre antestreias e revisões, por Represa, de Diego Hoefel; O Pub The Old Oak, de Ken Loach; Os Demónios do Meu Avô, de Nuno Beato; Concentrados, de José Vieira Mendes; O Bêbado, de André Marques; e Great Yarmouth: Provisional Figures, de Marco Martins, entre outros títulos. Proporciona ainda workshops, masterclasses, encontros de profissionais e a revelação dos prémios Cinetendinha.

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