Subida do nível médio do mar duplicou na última década, diz ONU

Relatório da Organização Mundial de Meteorologia mostra que intensificação das alterações climáticas, com o aumento da perda dos glaciares e o aquecimento dos oceanos, está a acelerar a subida do mar.

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As regiões costeiras estão em risco com a subida do mar GUSTAVO GRAF/Reuters

O nível médio do mar está a subir em todo o globo ao dobro do ritmo com que subia na década de 1993 a 2002, e atingiu um novo recorde em 2022, adiantou a Organização Mundial de Meteorologia (OMM) nesta sexta-feira.

O derretimento extremo dos glaciares e o calor recorde atingido nos oceanos – que faz com que a água se expanda – contribuíram para uma subida média do mar de 4,62 milímetros por ano entre 2013 e 2022, disse a agência das Nações Unidas num novo relatório que dá os detalhes sobre a destruição causa pelas alterações climáticas. Este ritmo do aumento do nível médio do mar é o dobro daquele observado durante a primeira década em que houve registos, entre 1993 e 2003, levando a uma subida de mais de dez centímetros desde o início da década de 1990.

O aumento do nível médio do mar ameaça algumas cidades costeiras e a própria existência de ilhas-nações como Tuvalu, no oceano Pacífico – que planeia construir uma versão digital dela própria para o caso de ficar submersa.

“Este relatório mostra que, mais uma vez, a concentração dos gases com efeito de estufa na atmosfera continua a atingir níveis recorde – contribuindo para o aquecimento da Terra e do oceano, derretendo glaciares e calotes, aumentando os níveis do mar, e aquecendo e acidificando os oceanos”, escreve Petteri Taalas, secretário-geral da OMM, no prefácio do relatório.

O relatório anual, publicado um dia antes do Dia da Terra, também mostra que o gelo marinho da Antárctida retrocedeu a um nível recorde em Junho e Julho de 2022. Os oceanos estiveram com recordes de temperaturas máximas e cerca de 58% da sua superfície registou ondas de calor marinhas, de acordo com o documento.

No geral, a OMM disse que 2022 foi o quinto ou sexto ano mais quente desde que há registo com uma temperatura média global de 1,15 graus Celsius acima da média pré-industrial, apesar do efeito de arrefecimento do fenómeno climático La Niña (temperaturas superficiais das águas da região tropical do oceano Pacífico abaixo da média).

Os cientistas climáticos avisaram que o mundo poderia atingir um novo recorde da temperatura média global em 2023 ou 2024, potenciado pelas alterações climáticas e pelo regresso antecipado do fenómeno El Niño (temperaturas superficiais das águas da região tropical do oceano Pacífico acima da média), que leva a um aumento do temperatura.

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