Xi diz que a China está disponível para uma “cooperação benéfica para todos” com os EUA

Num momento de grande tensão entre as duas potências, mensagem conciliadora do Presidente chinês pode ser um sinal de abertura para se encontrar com Biden na Indonésia.

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Xi foi reconduzido a um terceiro mandato no 20.º Congresso do Partido Comunista Chinês Reuters/TINGSHU WANG

Em declarações reproduzidas esta quinta-feira pela televisão estatal chinesa, Xi Jinping garantiu que a República Popular da China está disponível para colaborar com os Estados Unidos numa plataforma que identifique interesses comuns, incremente os canais de comunicação bilaterais e beneficie ambas as partes.

O Presidente chinês – recentemente reconduzido a um inédito terceiro mandato como secretário-geral do Partido Comunista, no 20.º Congresso do partido – defendeu que uma boa relação entre Pequim e Washington é benéfica “também para o mundo”.

“A China está disposta a trabalhar com os Estados Unidos, para se respeitarem mutuamente, coexistirem pacificamente e lograrem uma cooperação benéfica para todos”, escreveu Xi numa carta de agradecimento à Comissão Nacional para as Relações entre EUA e China, por ocasião da gala anual da organização, realizada na quarta-feira à noite, em Nova Iorque.

O Governo chinês, disse Xi, citado pela Europa Press, quer “encontrar uma forma correcta para que a China e os EUA se relacionem bem na nova era, que beneficiará não só os dois países, como o mundo”. “Como principais potências” que são, acrescentou o Presidente chinês, devem “fortalecer a comunicação e a cooperação” e contribuir “para a estabilidade do mundo e ajudar a promover a paz mundial”.

O tom conciliador destas declarações de Xi Jinping não corresponde, no entanto, àquilo que tem sido a retórica utilizada por dirigentes chinês e norte-americanos nos últimos anos.

Os dois países vivem uma das fases mais turbulentas da sua relação, com conflitos de interesses assumidos na questão de Taiwan, nas transformações políticas em Hong Kong, nas disputas territoriais no mar do Sul da China, no jogo de influências na região mais alargada do Indo-Pacífico ou em matéria comercial e de direitos humanos, entre outros assuntos.

Para além disso, os EUA apontam o dedo à China por não condenar a invasão russa da Ucrânia e por manter uma postura de apoio “tácito” à guerra de Vladimir Putin. Pequim diz, no entanto, que Washington continua a adoptar uma “mentalidade de Guerra Fria” nas suas relações internacionais e uma estratégia de confronto entre China e EUA.

A visita recente da presidente do Congresso norte-americano, Nancy Pelosi, a Taiwan – que Pequim considera uma província chinesa ocupada – e as repetidas sugestões do chefe de Estado dos EUA, Joe Biden, de que Washington estaria disponível para defender a ilha de um ataque militar, por exemplo, causaram enorme incómodo na China, que suspendeu várias iniciativas de cooperação, contribuindo ainda mais para deterioração acelerada das relações bilaterais.

Nesse sentido, sugerem alguns analistas, estas palavras de Xi podem ser um sinal de que o Presidente chinês estará disponível para um encontro com Biden, à margem da cimeira do G20, que se realiza daqui a duas semanas em Bali, na Indonésia.

Nem um nem outro Governo confirmaram, no entanto, que esse frente-a-frente pode acontecer.

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