Confederação de Turismo espera decisão sobre o aeroporto ainda este ano

Estudo realizado pela consultora EY alerta para custos económicos se o Aeroporto Humberto Delgado não conseguir satisfazer a procura até existir uma nova infra-estrutura.

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A decisão de se avançar com o aeroporto complementar no Montijo foi revogada Miguel Manso

O presidente da Confederação de Turismo de Portugal (CTP), Francisco Calheiros, disse nesta quinta-feira à Lusa esperar uma tomada decisão sobre o novo aeroporto de Lisboa ainda este ano e que estudo agora divulgado sirva para “suscitar” isso mesmo.

Francisco Calheiros falava à Lusa no fim da conferência de imprensa de apresentação das conclusões do estudo “impacto económico da não decisão sobre a implementação do novo Aeroporto de Lisboa”, realizado pela EY para a Confederação do Turismo de Portugal (CTP), que decorreu em Lisboa.

O presidente da CTP adiantou ainda que teve uma reunião com o ministro das Infra-estruturas, Pedro Nuno Santos, em que este lhe anunciou que ia tomar a decisão de avançar com um aeroporto complementar no Montijo, a qual foi entretanto revogada.

Já sobre se tem a esperança que este ano vai ser tomada uma decisão sobre o novo aeroporto, assunto que se discute há 53 anos, Francisco Calheiros foi peremptório: “Eu vou ser muito sincero: tenho”.

O presidente da CTP salientou que ainda falta cerca de seis meses para o ano acabar e “os números estão lançados”, ainda mais com o estudo divulgado nesta quinta-feira, pelo que “já se sabe tudo”.

Portanto, “eu acho que houve aqui, conforme eu disse, questões de forma, questões político-partidárias onde eu não vou entrar porque não me compete e não é isso que me interessa”, prosseguiu, aludindo à revogação da decisão do ministro, um dia depois da publicação do despacho que apresentava a solução aeroportuária para Lisboa.

“O que a mim me interessa é: com todos os stakeholders [com quem] eu falei, todos têm a noção, é fundamental termos um novo aeroporto e, portanto, se me disser o mais honestamente possível se eu acho que este ano é tomada uma decisão, acho que não há hipótese de não ser tomada essas decisões”, rematou.

“Esperemos com este novo enfoque que consigamos suscitar as tais decisões e que antes do fim do ano” seja tomada uma decisão.

O estudo analisa quatro cenários.

Segundo o estudo, “tendo em conta o tempo necessário até à operacionalização de um novo aeroporto, a procura não satisfeita pelo Aeroporto Humberto Delgado implicará custos muito significativos durante os próximos anos, em especial no sector do turismo, mas também indirectamente em toda a economia portuguesa”.

No cenário onde os impactos económicos “são mais plausíveis no tempo” — Portela+1, disponível em 2028 e existindo uma recuperação mais rápida da procura —, “estima-se que a perda potencial acumulada de riqueza gerada (VAB) até 2027 atinja os 6,8 mil milhões de euros, associado em média a menos 27,7 mil empregos anualmente e a uma perda de receita fiscal estimada em 1,9 mil milhões de euros”.

Ou seja, somando ao VAB não realizado os impostos não cobrados, “o país pode vir a perder cerca de 9.000 milhões de euros até 2027”, refere o estudo.

As perdas económicas poderão atingir 0,77% do Produto Interno Bruto (PIB) e 0,95% no emprego, “neste cenário de decisão adiada e recuperação rápida”.

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