O “monstro” dentro de Johnny Depp entrou no tribunal ao sétimo dia

Durante o contra-interrogatório, a equipa jurídica de Amber Heard mostrou mensagens escritas por Depp em que o actor assume ter um monstro dentro de si. E outras em que fala da vontade de “afogá-la antes de a queimar”.

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Amber Heard e Johnny Depp foram casados por pouco mais de um ano Reuters/POOL

“Não estou orgulhoso de nenhum dos termos que usava nos momentos de raiva.” Foi de forma quase incomodada que Johnny Depp começou por evitar ler em voz alta os conteúdos das mensagens reveladas, esta quinta-feira, em tribunal, durante o contra-interrogatório realizado pela equipa de defesa de Amber Heard.

A mensagem que levou o actor a hesitar foi enviada ao vizinho e amigo Isaac Baruch, em Outubro de 2016, meses após o pedido de divórcio: “Espero que o cadáver em decomposição dessa vaca esteja na mala de um Honda Civic!” Mas Depp defendeu-se: “Não tenho a certeza de ter enviado essa mensagem”. Para além disso, referiu o facto de usar frequentemente “humor negro” para se expressar, considerando que terá sido esse o caso.

Os advogados da ex-mulher de Johnny Depp questionaram ainda a estrela da saga Piratas das Caraíbas sobre mensagens em que o próprio se refere a um “monstro” dentro de si.

“Temos sido perfeitos. Tudo o que tive de fazer foi mandar o monstro embora e prendê-lo; estamos mais felizes do que nunca”, escreveu numa mensagem enviada a um antigo segurança, em 2015, pouco depois do casamento com Heard. Noutra mensagem, enviada a um dos seus médicos, Depp escreveu: “tranquei o meu pequeno monstro numa gaiola bem cá no fundo e funcionou”.

E, ao longo do dia, as mensagens tornaram-se mais violentas, como quando se refere a Amber Heard como uma “puta imunda” ou quando declara repetidamente o desejo de a ver morta. Em 2013, dois anos antes do enlace, Depp escreveu ao amigo Paul Bettany: “Vamos afogá-la antes de a queimarmos”. E continuou: “Depois, vou foder o seu cadáver queimado para ter a certeza de que ela está morta”.

Ainda para o actor que interpreta o Vision nos filmes do universo Marvel, Depp confessou ser “uma pessoa louca”, sobretudo “depois de ter bebido demais”.

Noutro momento, os jurados viram um vídeo, captado por Amber Heard, em que se vê o actor a esmurrar e a pontapear os armários da cozinha na sua casa em West Hollywood.

Johnny ​Depp, de 58 anos, afirma que Amber Heard, de 35, o difamou quando escreveu um artigo para o The Washington Post, em Dezembro de 2018, no qual relatou ser uma sobrevivente de abusos domésticos. Pouco tempo depois, Depp interpôs uma acção de 50 milhões de dólares (46,3 milhões de euros). Nos últimos dois dias, o actor prestou declarações sob juramento em que discorreu sobre a sua infância traumática e sobre as suas dependências. No entanto, garantiu que “jamais” bateu numa mulher na sua vida, identificando a ex-mulher como o elemento violento da relação: “Ela tem necessidade de conflito. Ela tem necessidade de violência”, acusou.

No texto que levou o ex-casal a uma batalha judicial milionária, Amber Heard não identifica o seu agressor pelo nome, mas, defende o advogado de Depp, Benjamin Chew, era claro que se estava a referir ao actor. Do seu lado, a actriz não nega que de facto falava sobre o ex-marido, mas observa que, por um lado, apenas escreveu a verdade e que, por outro, a sua opinião está protegida como livre expressão ao abrigo da Primeira Emenda da Constituição dos EUA. Ou seja, respondeu com uma contra-acusação, pedindo uma indemnização de cem milhões de dólares (92,6 milhões de euros).

O julgamento, que decorre em Fairfax, Virgínia, será retomado na segunda-feira.

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