Quarto dia consecutivo de confrontos na Esplanada das Mesquitas em Jerusalém

Mais de 1100 judeus entraram nesta quarta-feira no local a que chamam de Monte do Templo escoltados pela polícia. Governo israelita denuncia o lançamento de cocktails molotov a partir da Mesquita de Al Aqsa.

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Barreira policial na Cidade Velha de Jerusalém RONEN ZVULUN/Reuters

A Esplanada das Mesquitas, na Cidade Velha de Jerusalém, conhecida por Monte do Templo pelos judeus, foi cenário de confrontos esta quarta-feira, pelo quarto dia consecutivo, depois de um grupo de fiéis judaicos terem entrado com escolta policial.

O Departamento de Doações Religiosas, a cargo da Mesquita de Al Aqsa, assinalou que mais de 1100 judeus entraram esta quarta-feira no Monte do Templo com protecção policial israelita, um número que supera o dos três dias anteriores, de acordo com a agência de notícias palestiniana WAFA.

Segundo estas informações, os agentes forçaram os muçulmanos presentes na zona a manter-se afastados dos judeus e forçaram inclusivamente várias mulheres a entrada na mesquita da Cúpula da Rocha. Mesmo assim, vários homens forçaram a permanência na Mesquita de Al Aqsa para impedir incidentes.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita publicou vídeos em que se pode ver o lançamento de cocktails molotov a partir do interior da mesquita, gerando um pequeno incêndio que foi rapidamente controlado e denunciou que “agitadores violentos profanaram a Mesquita de Al Aqsa lançando pedras e cocktails molotov desde o seu interior”.

“A violência põe em perigo os fiéis que tentam entrar na mesquita e impede os esforços da polícia para garantir a liberdade de culto na zona”, ressaltou o ministério, antes de acrescentar que “no princípio da semana viram-se agitadores lançando pedras, incendiando fogos-de-artifício e inclusivamente jogando futebol” no lugar.

Por seu lado, um grupo de activistas judeus que promove as visitas à Esplanada das Mesquitas, mais de 1500 judeus entraram no local durante a jornada, três dos quais foram detidos depois de ignorarem as instruções da política e tentarem rezar no espaço, algo que está proibido, referiu o The Times of Israel.

A polícia israelita proibirá o acesso a não muçulmanos à Esplanada das Mesquitas a partir de sexta-feira e até ao final do mês do Ramadão, a 2 de Maio, numa reacção ao aumento das tensões e ao enfrentamento dos últimos dias, em plena celebração do mês sagrado muçulmano, a Páscoa e o Pésaj.

Activistas nacionalistas israelitas ressaltaram que mantêm os seus planos de realizar uma marcha na Cidade Velha, em Jerusalém Oriental, apesar de a polícia se ter recusado a dar-lhes autorização, argumentando que a marcha servirá para aumentar ainda mais a tensão.

Os nacionalistas israelitas costumam realizar a Marcha da Bandeira em partes da Cidade Velha de Jerusalém para comemorar a ocupação de Jerusalém Oriental por Israel na Guerra dos Seis Dias (1967), uma acção que não é reconhecida pela comunidade internacional, que continua a insistir que o estatuto final da cidade deve ser fixado em negociações de paz.

A tensão aumentou na sexta-feira depois das forças de segurança israelitas terem irrompido pela Esplanada das Mesquitas, o que desencadeou confrontos que acabaram com 152 palestinianos feridos.

A Autoridade Palestiniana denunciou a entrada durante vários dias de fiéis judeus escoltados pela polícia.

A Esplanada das Mesquitas, o terceiro lugar mais sagrado do Islão, tem num dos lados o Muro Ocidental (ou Muro das Lamentações), o segundo lugar mais sagrado do judaísmo, último vestígio do Templo de Salomão e que os judeus mais radicais pretendem usar como parte de um Terceiro Templo.

Este ano a tensão foi exponenciada pelo facto de o mês santo do Ramadão coincidir com a Páscoa judia e a Semana Santa cristã e todas as actividades referentes a essas épocas na cidade de Jerusalém. Além disso, há um reforço das operações de segurança em Israel depois dos atentados das últimas semanas.

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