Rui Tavares promete trabalho em equipa na AR. Lista B quer “mais caras e mais vozes”

Pela primeira vez, duas listas concorrem aos órgãos dirigentes do Livre. Mas vão acabar por trabalhar em conjunto, pois tanto o grupo de contacto como a Assembleia são eleitos por método de Hondt.

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Rui Tavares, fundador e deputado eleito do Livre Nuno Ferreira Santos

Ao fim de oito anos de vida, duas listas concorrem pela primeira vez aos órgãos dirigentes do Livre, mas tanto uma como outra mostram-se satisfeitas com essa disputa. No arranque do XII Congresso, os representantes das duas candidaturas ao grupo de contacto (GC, que assegura a direcção) convergiram na importância de trabalhar em equipa em todos os palcos e congratularam-se por irem pôr em prática, pela primeira vez, a composição plural do GC, que é eleito pelo método de Hondt.

Mas a número um da lista B, Patrícia Robalo, também quis afirmar as nuances da sua proposta que encabeça: “Queremos concretizar o Livre, harmonizá-lo entre aquilo que é e aquilo que afirma ser”, disse no discurso de apresentação da moção de estratégia, em que pugnou pela “descentralização da acção política” e “um partido com várias caras e várias vozes”. “O Livre não pode ser um partido de lista única e continuidade permanente”, defendeu.

Antes, numa intervenção a duas vozes, Teresa Mota e Rui Tavares (números um e dois da lista A), gastaram metade do tempo para se congratularem com o aparecimento de uma lista alternativa, avisando porém para “não transformar diferenças em trincheiras”, nas palavras da dirigente do núcleo territorial de Braga.

Rui Tavares, fundador do partido e agora eleito deputado à Assembleia da República, lembrou que, a partir desta eleição, as duas listas vão trabalhar juntas no GC e prometeu trabalho em equipa no Parlamento, da mesma forma que diz acontecer já na Câmara de Lisboa, para onde foi eleito vereador nas eleições autárquicas de Setembro, em coligação com o PS. Aliança que foi, aliás, contestada pelos militantes que decidiram avançar com a lista B a este congresso, tendo sido o motivo que desencadeou a apresentação da alternativa.

“O partido pode e deve crescer e crescerá se se virar para fora, se for pela convergência à esquerda sendo parte da solução e se for coerente com essas posições”, disse Rui Tavares, em jeito de explicação pela coligação em Lisboa. Agora, defendeu, “à convergência temos de juntar a abrangência e ir por esse país fora falar com as associações, com a academia, com as ONG [Organizações Não Governamentais] por todo o país, para preencher de conteúdo cada dia do próximo mandato parlamentar”.

Patrícia Robalo apresentou uma visão mais transversal do partido, em contraposição com o protagonismo de Rui Tavares e sustentou que o crescimento do partido passa por aí: “O Livre atrai muita gente, muitos jovens, precisamente por não ser uma estrutura personalizada e hierarquizada e tem de concretizar esses princípios”.

Defendeu, por exemplo, que o partido “dê igualdade a minorias e a pessoas discriminadas, que contrarie o status quo”, e defendeu “mais lideranças e menos bastidores para as mulheres”. Prometeu que, com a lista B no GC, o partido “retomará as reuniões públicas” dos órgãos dirigentes previstas nos estatutos e defendeu o reforço da transparência do partido, sobretudo tendo em conta as subvenções públicas que passa a receber devido à representação parlamentar.

O XII Congresso do Livre, que decorre no Convento de São Francisco, em Coimbra, começou na manhã deste sábado com um minuto de silêncio pela paz e em solidariedade com as vítimas do conflito entre a Ucrânia e a Rússia. Os resultados das eleições internas serão conhecidos no domingo, último dia deste conclave ordinário. O último decorreu em Dezembro e foi de carácter extraordinário, para cumprir a norma estatutária de aprovar o programa eleitoral antes de eleições nacionais.

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