Suspeita de violação em reality show brasileiro: Nego do Borel diz-se inocente e representantes de Dayane Mello criticam Record TV

Cantor funk publicou um vídeo nas redes sociais em que surge desesperado com as suspeitas que recaem sobre si. Já a equipa que trata das relações públicas da modelo não tem dúvidas: os responsáveis da emissora “ocultaram partes importantíssimas”.

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Em 2019, o Nego do Borel protagonizou o tema Você partiu meu coração com Anitta DR

Tudo começou por uma festa com muito álcool à mistura e acabou com Leno Maycon Viana Gomes, de 29 anos e mais conhecido pelo nome artístico Nego do Borel, na mesma cama que uma concorrente, a modelo Dayane Mello, de 32 anos. O que se seguiu foram imagens que induzem um envolvimento sexual entre os dois, ao mesmo tempo que se ouve a modelo a proferir frases como “Pára com isso, Nego”. Pior: no dia seguinte, Dayane Mello não se lembrava do que tinha acontecido nem do que tinha dito.

O sucedido, amplamente comentado nas redes sociais, levou a Polícia Civil de São Paulo a abrir uma investigação contra o cantor depois da denúncia do advogado da modelo. “O advogado da vítima apareceu na esquadra da polícia e relatou os factos, além de apresentar imagens do que aconteceu”, disse a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo numa nota, citada pela Lusa, acrescentando que não forneceria mais pormenores a fim de “garantir a autonomia do trabalho policial”.

Depois de revistas as imagens e de conversar com a concorrente, a produção do programa optou por expulsar o músico do programa A Fazenda, da Record TV. “Depois de tudo o que aconteceu, depois de tudo isso, vale o recado: Quando uma mulher diz não, é não! Quando uma mulher alcoolizada diz sim, também é não”, resumiu em directo a apresentadora do programa, Adriane Galisteu, que ficou conhecida globalmente por ser a namorada de Ayrton Senna, na altura do acidente que vitimou o piloto de Fórmula 1, em 1994.

Já fora do programa, o cantor publicou um vídeo na sua conta de Instagram, em que reclama a sua inocência e que, em 15 horas, já teve mais de quatro milhões de visualizações. Nele, Leno assume ter dormido “do lado de uma pessoa, sim, alcoolizada”, mas ressalva que havia um sentimento de consensualidade: “Eu estava querendo ficar com ela, e ela querendo ficar comigo”. E continua: “Isso não era dali, já tinha uma história. Vocês podem ver que depois da noite, na piscina, ela fala que quer dormir comigo de novo.”

Sobre as acusações de que é alvo e os comentários publicados nas redes, o artista diz ser “um ser humano, explosivo, intensivo, impaciente, às vezes”, reconhecendo estar longe de ser perfeito. “Mas muitas coisas que dizem a meu respeito não são verdade. Se eu fosse um bandido, era para eu estar preso”, conclui, ao mesmo tempo que considera estar a ser vítima de “um prejulgamento”, apelando para que se espere pelas conclusões da polícia.

No entanto, não deixa de se confessar depressivo e chega mesmo a ameaçar o suicídio: “Vou acabar tirando a minha vida, não estou blefando, estou falando do fundo do meu coração. Estou querendo saber o que fiz para merecer tanto ódio, estou sendo chamado de bandido. Amigos me abandonaram, não quiseram me escutar.”

Record no olho do furacão

Se o caso parece ter posto o cantor em maus lençóis, a Record TV não sai com a imagem ilesa. Além de ser a televisão que apostou num formato extremamente criticado, à semelhança de outros reality shows que ocupam tempo de antena um pouco por todo o mundo, Portugal incluído, a emissora é acusada de ter sido conivente com o crime e de, posteriormente, ter lucrado com o episódio, transformando-o em mais um chamariz de audiências.

Isto porque, por um lado, apesar de não haver imagens pelo facto de as luzes estarem apagadas, era perfeitamente audível o pedido da modelo para que o cantor parasse, havendo quem questione a razão pela qual nenhum membro da produção pôs um ponto final à cena, já que os concorrentes são vigiados 24 horas por dia.

Por outro, a equipa que representa de Dayane Mello acusou a Record TV de omitir factos e romantizar o acto, que, a ser provado, constitui crime, além de ter passado uma imagem da modelo que a colocou como culpada do abuso que terá sofrido. “Na noite de ontem, assistimos a uma edição triste e absurda. Apesar da expulsão do participante que colocou em risco a integridade física de Dayane, a edição optou por colocá-la como culpada pelo abuso sofrido. Segundo o programa exibido, o resumo da noite da vítima foi correr atrás do homem que a violentou, dando indícios e sinais afirmativos para que o mesmo se sentisse livre para praticar o acto”, lê-se numa nota divulgada pelo gabinete responsável pelas relações públicas da concorrente.

Além disso, escrevem, “ocultaram partes importantíssimas, como o estado de embriaguez em que Dayane se encontrava, inclusive precisando da ajuda de quatro pessoas para vesti-la, não conseguindo sequer se segurar em pé. Esconderam dos olhos do público as diversas vezes que Dayane disse para parar, que não queria e não podia. Não mostraram as falas repugnantes do participante falando que precisava de concentração para seu órgão íntimo ficar rígido o suficiente para praticar actos sexuais”.

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