Justiça francesa acusa mais quatro adolescentes no caso da decapitação do professor Paty

Três adolescentes foram acusados de “cumplicidade com homicídio terrorista” e outro por “denúncia difamatória”. Já há 14 acusações no total. Professor foi assassinado por ter mostrado caricaturas de Maomé numa aula.

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Homenagem ao professor Paty, em Paris ERIC GAILLARD/Reuters

Quatro adolescentes, com idades compreendidas entre os 13 e 14 anos, foram acusados esta quinta-feira pela Justiça francesa no caso da decapitação do professor Samuel Paty, em Outubro, revelou uma fonte judicial à AFP.

Os acusados são todos alunos na escola de Bois-d’Aulne, em Conflans-Sainte-Honorine, nos arredores de Paris, onde o professor dava aulas. Paty foi assassinado depois de ter mostrado caricaturas de Maomé numa aula sobre liberdade de expressão.

Três dos quatro jovens eram suspeitos de terem identificado Paty junto do autor do crime – Abdullakh Anzorov, um russo de ascendência tchechena, de 18 anos – e foram acusados de “cumplicidade com homicídio terrorista”, juntando-se a outros três que já tinham sido denunciados pelo mesmo crime no início do mês.

A quarta pessoa acusada é a filha de um dos principias instigadores e promotores da campanha online que se montou para criticar e lançar mensagens de ódio contra Paty, por este ter utilizado cartoons do jornal satírico Charlie Hebdo em contexto lectivo.

Segundo a fonte referida, a jovem foi acusada de “denúncia difamatória” sobre o professor de História e Geografia, de 47 anos. Até o momento, já foram acusadas 14 pessoas neste caso, muitas delas menores de idade.

O crime foi tratado pelas autoridades policiais, jurídicas e políticas de França como um atentado terrorista e o Governo reagiu com impetuosidade, autorizando rusgas, detenções, planos de deportações e o desmantelamento de organizações muçulmanas entendidas como extremistas.

O caso também pôs o país a discutir novamente as relações entre a liberdade de expressão, o ensino laico e o fundamentalismo islâmico

O Presidente Emmanuel Macron fez mesmo um dos seus discursos mais críticos sobre o tema – motivando protestos em vários países de maioria muçulmana e, particularmente, na Turquia –, ao admitir que a “França está sob ataque” e ao prometer que não vai deixar que o fundamentalismo islâmico subverta os valores e os direitos individuais franceses. 

Poucas semanas depois do homicídio de Samuel Paty, teve lugar um segundo ataque de natureza terrorista islamista, na basílica de Notre-Dame, em Nice. Três pessoas morreram, incluindo uma mulher que foi “virtualmente decapitada”, segundo a descrição das autoridades.

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