Homem decapitado em França em ataque terrorista

Vítima era professor de História e Geografia e tinha defendido numa aula o direito de publicação das caricaturas de Maomé.

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A polícia matou o suspeito do ataque CHRISTOPHE PETIT TESSON/EPA

Um homem foi decapitado esta sexta-feira em Yvelines, cidade nos arredores de Paris, num caso que está a ser interpretado pela polícia francesa como tendo motivações terroristas. O suspeito pelo homicídio foi morto pela polícia perto do local.

O caso aconteceu por volta das 17 horas (16 horas em Portugal continental) nas proximidades de uma escola, de acordo com fontes policiais citadas pelo Le Monde. A vítima foi identificada como um professor de História e Geografia e tinha feito intervenções durante as aulas em que defendeu o direito à liberdade de expressão, dando como exemplo a publicação das caricaturas do profeta Maomé. É essa a justificação dada para a abertura de um inquérito de “homicídio por motivação terrorista” pela Procuradoria Nacional de Antiterrorismo.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, irá deslocar-se até ao local ainda esta sexta-feira, depois de uma reunião de emergência no Ministério do Interior, de acordo com o canal BFMTV.

Pouco tempo depois de o cadáver ser descoberto, a polícia encontrou um homem que transportava uma arma branca em fuga perto do local do homicídio. Depois de ter recusado abandonar a arma e se ter mostrado “muito agressivo”, segundo fontes policiais citadas pelo Le Parisien, os agentes balearam o indivíduo, matando-o. Para além de uma faca, o homem tinha consigo uma espingarda.

Segundo informações avançadas pelo Le Monde, foi encontrado um documento de identificação junto ao homem (alegado atacante) que foi baleado pela polícia. O documento indica que o homem, de nacionalidade russa, tinha 18 anos e era de origem tchetchena. No entanto, a polícia ainda não tem a certeza se o documento pertencia efectivamente ao atacante.

Foi encaminhada para o local uma equipa antiminas por haver o receio de existir algum mecanismo explosivo junto do suspeito.

Algumas testemunhas dizem que o autor do ataque gritou “Allahu Akbar” (Deus é grande) durante o incidente, mas essa informação não foi confirmada por nenhuma fonte policial.

De acordo com uma fonte da investigação a este homicídio, a polícia também está interessada numa fotografia na rede social Twitter, através de um utilizador que, entretanto, encerrou a conta, da cabeça decapitada da vítima.

As autoridades estão a tentar perceber se esta fotografia foi publicada pelo alegado autor do homicídio ou por outra pessoa.

A AFP dá conta de que a fotografia acompanhava uma mensagem dirigida ao Presidente francês, Emmanuel Macron, apelidado de “o líder dos infiéis”. “Executei um dos cães infernais que ousou menosprezar Maomé”, explicitaria esta mensagem.

“Esta noite é a República que está sob ataque com o assassinato desprezível de um dos seus servidores, um professor. Penso nele esta noite, na sua família. A nossa unidade e a nossa firmeza são as únicas respostas para a monstruosidade do terrorismo islâmico. Vamos enfrentá-los”, afirmou o ministro da Educação francês, Jean-Michel Blanquernuma mensagem publicada na rede social Twitter.

A exibição da figura de Maomé é vista pelo islão como uma blasfémia e tem servido como pretexto para ataques e ameaças por parte de fundamentalistas. A publicação de caricaturas de Maomé pelo semanário satírico Charlie Hebdo motivou o ataque em Janeiro de 2015 à redacção do jornal em que foram mortas 12 pessoas. O julgamento do ataque começou em Setembro.

Há três semanas, duas pessoas foram feridas num ataque à faca perto das antigas instalações do Charlie Hebdo, que a polícia classificou como um atentado terrorista.

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