Duarte Cordeiro põe pressão à esquerda e Ana Catarina Mendes promete combater populismo

Governante socialista disse que o actual orçamento exige da esquerda um “compromisso político” que permita encontrar pontos de convergência num momento particularmente difícil.

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Duarte Cordeiro, António Costa, Ana Catarina Mendes e José Luís Carneiro intervieram na jornada LUSA/MÁRIO CRUZ

ameaça de uma crise política, feita por António Costa numa entrevista ao Expresso no mês passado, caso o Orçamento do Estado para 2021 não seja aprovado, é uma cartada que o PS joga frequentemente. Desta vez foi o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, que se referiu ao assunto na jornada parlamentar do PS. Não podemos somar uma crise política a uma crise económica e social”, disse o governante numa intervenção na jornada de trabalho do grupo parlamentar socialista.

Duarte Cordeiro salientou que o próximo Orçamento do Estado terá um papel determinante na resposta “à crise social, mas também na aplicação dos instrumentos disponíveis para controlar a pandemia [da covid-19] e recuperar o país”.

Este Orçamento exige da esquerda um compromisso político que permita encontrar pontos de convergência num momento particularmente difícil para o nosso país. Os portugueses esperam que a esquerda tenha essa capacidade de entendimento e isso exige que cada partido se aproxime, procure convergências, seja exigente, mas mostre essa disponibilidade que o país precisa”, defendeu o governante.

Lembrou também que, “se antes esses entendimentos à esquerda foram precisos, agora são mais precisos do que nunca”. “Do nosso lado, estamos disponíveis para dar passos no sentido dessa aproximação, dessa convergência em matérias tão relevantes como a preservação do emprego, a preservação dos rendimentos, combate à precariedade, valorização dos serviços públicos, investimento no Serviço Nacional de Saúde – seja em equipamentos, seja em recursos humanos –, ou no aumento ou na criação de prestações sociais para responder a quem não tem apoios, tal como foi feito no período do estado de emergência”, especificou.

O secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares disse também que do lado do Governo “existe essa disponibilidade e vontade em muitos domínios”: “Acima de tudo, existe a consciência que vivemos um momento muito difícil em que devemos procurar estas convergências, evitando desentendimentos que seriam pouco compreendidos por parte dos portugueses”, avisou.

Contra o populismo

A líder parlamentar do PS, Ana Catarina Mendes, fechou a jornada garantindo que o PS vai combater aos “populismos” oriundos de correntes de extrema-direita e avisou que as ordens profissionais não podem ser “sindicatos disfarçados” ou armas de arremesso contra os governos.

Sem nunca se referir ao Chega, a socialista defendeu que aqueles que acreditam na liberdade e na igualdade de oportunidades “têm o dever de demonstrar na Assembleia da República o respeito pela instituição” parlamentar “e combater com toda a energia o populismo, o discurso do medo e o extremismo”.

“Não silenciemos o populismo ou o extremismo, ou as atrocidades que se vão ouvindo por aí por alguns partidos, designadamente contra as mulheres. O PS não se pode calar, não deve calar-se”, defendeu.

Ana Catarina Mendes advertiu depois que os tempos actuais “não estão para brincadeiras ou para aventureirismos” e, neste contexto, deixou uma pergunta aos parceiros de esquerda do PS no Parlamento.

“O grupo parlamentar do PS tem de perguntar qual é o posicionamento [destas forças políticas] num momento em que optamos por mudanças que vão alterar a vida das pessoas, num momento em que queremos continuar a valorizar os salários dos trabalhadores, com mais medidas de justiça social e mais protecção social e em que queremos dar mais um impulso ao investimento público”, questionou a líder da bancada socialista.

Presidenciais avaliadas a 24 de Outubro

Já o secretário-geral adjunto dos socialistas, José Luís Carneiro, revelou que o PS vai pronunciar-se sobre as eleições presidenciais para 2021 em comissão nacional, no dia 24 de Outubro, e defendeu que esta é uma questão de “responsabilidade individual”.

“Trata-se de um acto de cidadania, especialmente comprometido com a República e de responsabilidade individual. A comissão nacional do PS, como fez em outros momentos da nossa história, irá discutir, avaliar e decidir em liberdade e em consciência”, disse, numa intervenção sem qualquer referência ao facto de a ex-eurodeputada socialista Ana Gomes ter anunciado a sua intenção de se candidatar a Presidente da República. Com Lusa

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