“Ano de 2020 pode ser menos mau internacionalmente do que temia”, diz Marcelo

No último dia da visita de Estado a Itália, o Presidente da República mostrou-se optimista quanto à conjuntura e deixou uma palavra ao parlamento: “Eu gosto sempre de ouvir tudo e todos”.

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Marcelo Rebelo de Sousa termina hoje uma visita de Estado a Itália LUSA/JOSÉ COELHO

O Presidente da República considerou esta quarta-feira que “o ano de 2020 pode ser economicamente menos mau internacionalmente do que temia”, devido à evolução do “Brexit” e da “guerra comercial” entre Estados Unidos da América e China.

Em declarações aos jornalistas, durante uma viagem de comboio de alta velocidade entre Roma e Bolonha no segundo dia de uma visita de Estado a Itália, Marcelo Rebelo de Sousa não excluiu, no entanto, a hipótese de surgir “de repente um acontecimento” no plano global com “efeitos nos mercados ou na economia, imprevisíveis”, advertindo que “há muita turbulência em todos os continentes”.

Neste contexto, deixou um elogio à actuação europeia e portuguesa: “O que se pode dizer é que a União Europeia tem feito, até agora, tudo o que deve para esbater os efeitos negativos, e Portugal também, no que pode - não pode muito em termos internacionais, mas pode bilateralmente no caso, por exemplo, do Reino Unido”.

“Mas fica sempre esta incógnita. Eu tendo a considerar que o ano de 2020 pode ser economicamente menos mau internacionalmente do que temia. Mas eu temia que fosse bastante mau. E quanto menos mau for, melhor para a economia portuguesa”, afirmou.

No caso do “Brexit”, segundo Marcelo Rebelo de Sousa “o panorama melhorou nos últimos meses”, com a perspectiva de uma saída com acordo, e “há que reconhecer que o anterior Governo trabalhou muito rapidamente” para atenuar consequências negativas.

“Tudo indica que, com o período de transição, nós vamos assistir, portanto, a efeitos muitos deles já não imediatos, mas no final de 2020, a partir de 2021, e alguns dos efeitos para Portugal podem vir a ser menos maus do que se temia”, concluiu.

O Presidente da República, que termina em Bolonha uma visita de Estado a Itália, assinalou, por outro lado, “o facto de, porventura, num ano eleitoral americano, a guerra entre Estados Unidos e a China não ser tão forte quanto se temia”. “Porque algumas medidas são adiadas, porque continuam negociações ou porque só são tomadas algumas medidas, é menos mau do que se temia”, disse.

Marcelo Rebelo de Sousa realçou que a situação nacional “depende do ambiente mundial e do ambiente europeu” e em particular dos principais destinos de exportações portuguesas. “Depende muito de como estiverem as economias para onde exportamos, mesmo diversificando, como estamos a diversificar. Eu acho que o investimento pode continuar a vir do estrangeiro, mas é uma incógnita a dimensão desse investimento. O consumo tem aguentado muito razoavelmente”, apontou.

"Ouvir tudo e todos"

Questionado se gostaria de ouvir deputados de todos os partidos no debate quinzenal de hoje com o primeiro-ministro no parlamento, o chefe de Estado começou por responder: “Eu não me vou pronunciar sobre o debate, eu percebo o alcance da pergunta”. Depois, afirmou: “Eu gosto sempre de ouvir tudo e todos, por definição”.

O chefe de Estado ressalvou, contudo, que não terá oportunidade de ouvir o debate quinzenal e que não comenta a polémica em torno dos tempos de intervenção atribuídos aos deputados únicos dos partidos Chega, Iniciativa Liberal e Livre: “Estou no estrangeiro e não me vou pronunciar sobre isso aqui”.

Interrogado, depois, se já agendou a audiência que o deputado do Chega, André Ventura, anunciou na semana passada que iria pedir ao Presidente da República, com “carácter de muita urgência”, Marcelo Rebelo de Sousa realçou que irá “receber os partidos dentro de poucos dias para os ouvir sobre a matéria do Orçamento do Estado”.

“Havendo pedido formal sobre matéria muito urgente que se justifique de partidos para serem recebidos eu, dentro da disponibilidade de calendário, recebo-os. Quer com assento parlamentar, quer sem assento parlamentar”, acrescentou.

No caso concreto do pedido de audiência anunciado pelo deputado do Chega, “havendo pedido formal, se chegar o pedido formal”, então “isso será agendado oportunamente”, adiantou o Presidente da República, referindo que não tem conhecimento de que isso já tenha acontecido.

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