BCE não baixou taxas, mas prepara já um regresso às compras de dívida

Autoridade monetária deixa para Setembro a adopção de medidas para contrariar os sinais negativos dados pela economia da zona euro.

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LUSA/VALDA KALNINA

Com a economia europeia a dar sucessivos sinais de fragilidade, o Banco Central Europeu não alterou o nível das suas taxas de juro na reunião desta quinta-feira. Mas deixou claro, com o anúncio de que deu já início à preparação técnica de uma série de medidas, que na próxima reunião agendada para Setembro deverão ser lançados diversos novos estímulos à economia, incluindo, para além de taxas de juro mais baixas, um regresso do programa de compras líquidas de dívida pública que tinha sido suspenso no final do ano passado.

O agendamento para Setembro da adopção de medidas por parte do BCE era há várias semanas considerado como o cenário mais provável. No entanto, nos últimos dias, uma série de indicadores económicos que dão conta de uma deterioração da actividade e da confiança principalmente no sector industrial na Alemanha, tornou mais forte a possibilidade de o BCE antecipar as suas decisões para a reunião desta quinta-feira.

No final, os membros do conselho de governadores do BCE optaram por manter o plano inicial e decidiram não realizar qualquer alteração às taxas de juro de referência do banco central: a taxa de juro de refinanciamento ficou a zero e a taxa de depósito em -0,4%.

No entanto, no comunicado final da reunião, os responsáveis do BCE decidiram deixar o mais claro possível que, não só estão preocupados com os sinais de fragilidade dados pela economia da zona euro, como estão já a preparar-se tecnicamente para colocar em prática diversas medidas de estímulo. E surpreenderam ao revelar que um regresso do programa de compras líquidas de activos (principalmente dívida pública) pode estar mais próximo do que aquilo que era esperado.

O comunicado afirma que “o Conselho de Governadores está determinado a agir”, defendendo que existe a necessidade de aplicação de uma política monetária “altamente” expansionista durante “um período prolongado de tempo”.

E para que esta não seja apenas uma promessa vaga, o comunicado esclarece que os diversos departamentos do BCE foram já encarregados de “examinar as opções” disponíveis. Isso inclui a análise de medidas que mitiguem o efeito junto dos bancos de taxas de juro ainda mais baixas e avaliação de qual a dimensão e composição de potenciais novas compras líquidas de activos”.

Nos mercados, a expectativa era a de que, para já, o BCE estaria apenas a preparar uma descida da sua taxa de juro de depósito para níveis ainda mais negativos, como forma de promover a concessão de crédito na zona euro. Mas, aparentemente, a possibilidade de regresso do programa de compra líquida de títulos de dívida pública está já no horizonte mais próximo.

Mario Draghi, o presidente do BCE, irá, ao início da tarde, dar mais detalhes sobre as intenções do banco central, em conferência de imprensa.

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