Alemanha alerta Trump para riscos de uma guerra por causa do Irão

Ministro germânico dos Negócios Estrangeiros teme que Teerão se volte para o nuclear caso os EUA abandonem acordo, como ameaça Donald Trump.

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Ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Sigmar Gabriel, pede a Trump que não ponha em risco os aliados Reuters/FABRIZIO BENSCH

Se os EUA virarem as costas ao acordo com o Irão, a Europa e todo o mundo pode ficar mais perto de uma guerra. Quem o diz é o ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Sigmar Gabriel, que numa entrevista radiofónica, neste sábado, alertou para os riscos que o mundo enfrenta se a ameaça de Donald Trump, de retirar os EUA do acordo com Teerão, se concretizar.

"A minha grande preocupação é que aquilo que está a passar-se ou vai acontecer com o Irão, numa perspectiva norte-americana, deixe de ser apenas uma questão do Irão e que muitos outros neste mundo passem a considerar se devem eles mesmos adquirir armamento nuclear, dado que este tipo de acordos estão a ser rasgados", declarou o ministro do SPD e "número dois" do Governo liderado por Angela Merkel, da CDU, com quem se coligou.

Citado pela Reuters, Gabriel comentou à emissora Deutschlandfunk que Trump tinha enviado "um sinal perigoso e difícil" quando ameaçou na sexta-feira retirar os Estados Unidos do acordo sobre o programa nuclear do Irão, se o Congresso americano e os outros cinco países envolvidos, mais a União Europeia, não aceitarem as novas condições impostas pela Casa Branca.

Como o PÚBLICO referia na sexta-feira,  Trump deu um passo que pode vir a deitar por terra aquele que é considerado por muitos uma obra-prima da diplomacia internacional – por ter conseguido travar o programa nuclear iraniano sem intervenções militares directas e com o acordo da China e da Rússia.

Para Berlim, esta decisão pode reforçar os argumentos dos que em Teerão se afirmam contra qualquer negociação com governos estrangeiros. "Eeles poderão regressar às armas nucleares", frisou o ministro alemão, acrescentando que isso seria algo que Israel não toleraria. Para a Europa, afirma o governante, "seria como voltar atrás dez ou 12 anos, com o risco de guerra relativamente perto" do continente.

A terminar, Gabriel pede a Washington que não comprometa a segurança do seu próprio país e dos seus aliados. Trump deu 60 dias ao Congresso para decidir se retoma sanções económicas ao Irão, levantadas em 2016. Diferentes responsáveis europeus têm avisado que colocar o acordo nuclear com o Irão no limbro mina a credibilidade externa dos EUA.

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