Relatório foi arma política, mas ministra não se demite

PSD e CDS pediram que se apurassem as responsabilidades sobre a tragédia. Constança Urbano de Sousa recusou demitir-se.

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LUSA/TIAGO PETINGA

A avaliar pelo que foram os últimos meses, seria de adivinhar um debate tenso e crispado entre a oposição e a ministra da Administração Interna. E foi. Constança Urbano de Sousa foi esta sexta-feira à Assembleia ouvir PSD e CDS exigirem-lhe responsabilidades políticas e respondeu-lhes de forma directa: "Não, não vou pedir a demissão".

Os sociais-democratas marcaram o debate para 24 horas depois da entrega do documento pela comissão técnica independente, o que lhes valeu críticas de toda a esquerda e da ministra que disse que não seria um "debate sério", uma vez que não houve tempo para ler o relatório. Constança Urbano de Sousa admitiu que houve falhas, que serão avaliadas no Conselho de Ministros extraordinário de dia 21 de Outubro, mas tendo lido apenas a "nota para a comunicação social" (duas páginas) recusou "tirar conclusões com base em notícias". 

Luís Marques Guedes, do PSD, disse claramente que "o Estado falhou" e que não foi "por azar do acaso". O deputado atirou à ministra: "Foram as suas escolhas, as suas opções, o seu desrespeito por práticas consolidadas, o seu desnorte, a sua falta de liderança", que estiveram em causa. Um tom que dominaria o debate pelo lado do PSD e CDS. Nuno Magalhães (CDS) apontaria ainda à "incompetência" da ministra.

À esquerda, PS, BE, PCP e PEV alinharam mais ou menos os discursos, acusando a direita de instrumentalização do relatório. Apesar disso, pediram que se retirem todas as responsabilidades devidas e insistiram que os problemas são estruturais, além de operacionais ou circunstanciais e que abrangem vários governos, incluindo o de Passos Coelho.

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