Falta de neve está a ameaçar a sobrevivência das estâncias de esqui na Europa

Alterações climáticas estão a provocar granizo e chuvas fortes, mas não neva. Há estâncias de esqui na Europa sem capacidade para funcionar em pleno. Atletas querem mais acção climática.

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Os atletas profissionais estão preocupados com o impacto das alterações climáticas nas estâncias Reuters/LISI NIESNER
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As estâncias de esqui estão a sofrer as consequências das alterações climáticas, com a chuva e o granizo a substituir a queda de neve nos destinos turísticos mais procurados na Europa. É a confirmação de um aviso que surgiu num estudo publicado em Agosto pela revista Nature, de que 53% das 28 estâncias europeias investigadas pelos cientistas estavam em risco muito elevado de registar uma escassez de neve caso a temperatura média global aumente 2 graus Celsius em relação aos níveis pré-industriais.

O turismo de neve nos Alpes, por exemplo, está avaliado em mais de 27 mil milhões de euros, mas o mercado deve registar uma quebra este ano, conta um artigo do The Guardian. Duas estâncias de esqui em França, em Morzine e Les Gets, só puderam abrir na totalidade a 23 de Dezembro, dois dias antes do Natal e a época onde se regista uma maior afluência de turistas — tudo porque choveu intensamente nos últimos dias, mas nevou pouco.

A queda de pequenas quantidades de neve pode ser suficiente para manter em funcionamento algumas estâncias de esqui mais pequenas, mas pode ficar aquém da neve necessária em estâncias com pistas maiores. A produção artificial de neve traz dificuldades acrescidas por ser mais cara, consumir muita energia e muita água, refere a notícia do diário britânico. Com ela, a quantidade de estâncias europeias com risco elevada de perda de cobertura de neve desce para metade (27%) com um aumento da temperatura média global de 2ºC acima dos níveis pré-industriais. Mas o consumo de água pode ser nove vezes superior até 2100 nos Alpes franceses.

Os atletas profissionais estão preocupados com o impacto das alterações climáticas nas estâncias, que podem a afectar 98% dos espaços analisados no estudo da Nature caso a temperatura média global aumente 4ºC em relação aos níveis pré-industriais. Segundo a NBC News, uma carta assinada por 500 atletas de desportos da neve em Fevereiro pediu à Federação Internacional de Esqui uma maior actuação contra as alterações climáticas. Mais tarde, em Outubro, mais de 35 mil pessoas assinaram uma petição com o mesmo apelo. São críticas que chegam já depois de Gian Franco Kasper, presidente da Federação, ter sido demitido e substituído por Johan Eliasch que foi criticado por ser negacionista no que diz respeito às alterações climáticas causadas pelo homem.

O autor da petição, Dom Winter, da Protect our Winters UK, defendeu que a redução do aquecimento global pode evitar o desaparecimento da neve nas estâncias utilizadas para a prática de desporto — embora se continue a correr o risco de se tornarem "elitistas". "Certamente que, com 2ºC [de aquecimento global], os resorts de altitude mais baixa estariam em grandes apuros. Ainda haverá lugares com neve natural nos Alpes e os resorts em altitudes mais elevadas podem sobreviver. A preocupação é quão cara se pode tornar esta opção", alertou, citado pelo The Guardian.

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