PP juntou milhares em Madrid contra Sánchez e o independentismo: “Nenhum espanhol votou por uma mudança de regime”

Apoiado por Rajoy, Aznar e Ayuso, Feijóo disse que a possibilidade de o PSOE conceder amnistia aos dirigentes catalães é uma “cacicada inqualificável”. Sánchez garante que haverá “governo socialista”.

alberto-nunez-feijoo,partido-popular,psoe,pedro-sanchez,mundo,espanha,
Fotogaleria
Feijóo (ao centro) teve o apoio de dois antigos presidentes conservadores do Governo de Espanha: Rajoy (à esquerda) e Aznar (à direita) Reuters/SUSANA VERA
alberto-nunez-feijoo,partido-popular,psoe,pedro-sanchez,mundo,espanha,
Fotogaleria
PP fala em 65 mil participantes; números oficiais apontam para os 40 mil EPA/Borja Sanchez Trillo
alberto-nunez-feijoo,partido-popular,psoe,pedro-sanchez,mundo,espanha,
Fotogaleria
Sánchez (presidente do Governo espanhol) e Puigdemont (ex-presidente do governo catalão) foram os mais apupados pelos manifestantes EPA/BORJA SANCHEZ TRILLO
Ouça este artigo
00:00
03:04

Dezenas de milhares de pessoas juntaram-se este domingo em Madrid numa manifestação de apoio ao Partido Popular (PP) – o mais votado nas eleições legislativas antecipadas de Julho – e de protesto contra a possibilidade de o Partido Socialista (PSOE) conceder amnistias aos dirigentes políticos condenados pelo envolvimento no referendo soberanista de 2017 na Catalunha, no âmbito das negociações entre os socialistas e os partidos independentistas catalães, tendo em vista a investidura do próximo Governo de Espanha.

A dois dias do início do debate de investidura no Congresso dos Deputados, sem o número de deputados necessário para poder ser eleito presidente do executivo, Alberto Núñez Feijóo, líder do PP, acusou o socialista Pedro Sánchez de “irresponsabilidade” e de “absoluta falta de integridade moral e política” por não viabilizar um Governo chefiado pelos conservadores.

Agradecendo o apoio do Vox (extrema-direita) e dos outros partidos que se ofereceram para votar a favor da sua investidura, Feijóo argumentou que não estão em causa “blocos ou territórios”, mas “ter ou não ter princípios”, dizendo que Sánchez, líder do Governo, não tem a “dignidade” exigível a quem “perdeu eleições”.

“Mesmo que isso me custe a presidência do Governo, vou defender que Espanha é uma nação de cidadãos livres e iguais”, assegurou, perante a multidão que se juntou no centro da capital, composta por 40 mil pessoas, segundo os números oficiais, ou 65 mil, de acordo com PP.

Com o apoio de grandes figuras do partido, nomeadamente dos ex-presidentes do Governo Mariano Rajoy e José María Aznar, e da actual presidente da Comunidade de Madrid, Isabel Díaz Ayuso, que também discursaram, Feijóo atirou-se ao alegado acordo de amnistia dos políticos catalães – que o PSOE nega que exista e que diz estar nos “antípodas” daquilo que está disposto a ceder à Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) e ao Juntos pela Catalunha (Junts) pelos seus votos.

“É falso; é rotundamente falso que o independentismo tenha de ser decisivo para a governabilidade. É mais uma falácia socialista. Nenhum espanhol votou (…) por uma mudança de regime constitucional. Fomos 94% a votar para manter a Constituição”, afirmou, perante os gritos de “Puigdemont para a prisão” que vinham da assistência, dedicados ao ex-presidente do governo catalão, do Junts, que se encontra em Bruxelas, fugido à Justiça espanhola.

“Numa Espanha de cidadãos livres e iguais não se pode dar mais valor ao voto de uns sobre o voto de outros. A lei e a Justiça têm de ser iguais para todos, começando pelos políticos; porque se os políticos não são iguais perante a lei, isso é uma cacicada inqualificável num Estado de direito”, acrescentou.

Em Barcelona, num comício que reuniu cerca de 15 mil pessoas, este domingo, Sánchez reagiu desta forma ao comício do PP em Madrid: “Estão a manifestar-se contra um Governo socialista. Mas, lamento, haverá um.”

O líder do PSOE disse que entre o seu partido e a plataforma de esquerda Sumar há “números suficientes” de deputados para formar governo e ironizou com o facto de o PP estar a “celebrar” na capital quando o Congresso se prepara para chumbar a investidura de Feijóo. “Vamos ter uma investidura falhada, de um candidato falhado”, atirou.

Sugerir correcção
Ler 7 comentários