Bombeira de 19 anos morre no combate aos incêndios no Canadá

Justin Trudeau endereçou condolências aos familiares da jovem. Área ardida em 2023 já ultrapassa a de 1989, o pior ano de incêndios na história do país.

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Incêndios florestais devastam Canadá Reuters/ALBERTA WILDFIRE
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Uma bombeira de 19 anos morreu no combate aos incêndios no Canadá, depois de ficar presa sob uma árvore caída. A jovem foi encontrada pela sua equipa e helitransportada para o hospital, mas acabaria por não resistir aos ferimentos. O óbito foi confirmado esta quinta-feira.

A morte da bombeira gerou uma onda de tristeza e condolências no país, com o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, a lamentar a tragédia "devastadora". "Nunca podemos esquecer os riscos que estes heróis correm sempre que vão em direcção ao perigo", reiterou o governante.

Esta é a primeira morte da época de incêndios no Canadá, num momento muito complicado para as autoridades e populações afectadas pelos fogos. De acordo com o balanço feito pela Agence France-Presse, há mais de 900 incêndios activos no território canadiano, sendo que destes, a maioria (560) ainda lavra descontroladamente.

Os incêndios florestais já custaram ao país uma área de 9,8 milhões de hectares em 2023, de acordo com a BBC. Registou-se um aumento exponencial na área ardida, sendo que, no início de Junho, tinham ardido cerca de três milhões de hectares. Em pouco mais de um mês, este número triplicou. É, assim, um recorde que ultrapassa a marca de 1989, ano em que arderam 7,6 milhões de hectares.

Em certas áreas foi mesmo necessário requisitar a ajuda do exército, registando-se uma presença internacional considerável no terreno: a 14 de Junho, uma força com 140 operacionais portugueses foi para o Canadá ajudar nos esforços. Vários outros países enviaram também recursos para auxiliar nas operações.

O Canadá é um dos muitos países afectados pelos recordes de temperatura com origem em ondas de calor. Com o tempo mais quente, aumenta a probabilidade de trovoadas, um dos factores naturais potenciadores de incêndios. As altas temperaturas são ainda responsáveis pela secagem de vegetação, outro dos factores que, em conjugação com as trovoadas, aumenta o número de incidentes. Com o prolongamento dos períodos de seca decorrentes das alterações climáticas, as previsões estão muito longe de animadoras.

"Esperamos que os incêndios aumentem na sua frequência e intensidade no futuro", resume Sarah Burch, professora de alterações climáticas na Universidade de Waterloo, no Canadá, em declarações à CNBC.

Em Junho, as espessas nuvens de fumo com origem nos incêndios florestais cobriram a costa leste dos Estados Unidos, deixando cidades como Nova Iorque cobertas com fumo espesso. Segundo escreve a CNN, o fenómeno pode voltar-se a repetir, registando-se já uma deterioração na qualidade do ar em zonas como Minnesota, Wisconsin, Michigan e Indiana. Portugal foi uma das nações afectadas pela nuvem de fumo dos incêndios canadianos de Junho.

Outros dos impactos do fumo libertado traduz-se nas emissões de dióxido de carbono, mais um dos indicadores que registou uma subida nos últimos meses. A Reuters escreve que a pegada de carbono resultante dos incêndios florestais canadianos em 2023 equivale ao carbono emitido pela Indonésia durante 12 meses com a utilização de combustíveis fósseis.

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