Escalada de ondas de calor (também) no mar: recordes no Atlântico e Mediterrâneo

Nos últimos meses, foram registadas temperaturas recorde da água do mar no norte do Oceano Atlântico e no Mar Mediterrâneo, diz esta sexta-feira o programa europeu de monitorização do clima Copérnico.

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Costas do Sul de Espanha e do Norte de África a 13 de Julho com a anomalia da temperatura nas águas do mar Copérnico
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O Serviço Marítimo Copérnico (CMEMS) fala numa escalada de ondas de calor marítimas com temperaturas recorde no Atlântico e no Mediterrâneo. Os dados mostram que ao longo da costa do Sul de Espanha e do Norte de África, a temperatura à superfície do mar esteve 5 graus Celsius acima da média de referência para este período.

De acordo com o Mercator Ocean, uma organização que presta serviços apoiados na ciência dos oceanos, centrados na conservação e na utilização sustentável dos oceanos, mares e recursos marinhos, o Mediterrâneo ocidental está actualmente a passar por uma onda de calor marítima "moderada". "No entanto, a onda de calor parece estar a intensificar-se, passando da categoria moderada para a categoria forte, particularmente em torno do Estreito de Gibraltar", refere o comunicado do Copérnico.

Os dados do Copérnico corroboram esta observação. "Como se pode ver na visualização de dados baseada nos dados do CMEMS de 13 de Julho, a anomalia da temperatura da superfície do mar ao longo das costas do Sul de Espanha e do Norte de África foi de aproximadamente +5°C acima do valor de referência para o período, o que indica a intensificação das condições da onda de calor."

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Imagem mostra temperatura à superfície do solo na Europa COPÉRNICO/DR COPÉRNICO/DR

Esta semana, o programa europeu de monitorização do clima esteve decididamente de olhos postos no Sul da Europa. Na quarta-feira, mostrou imagens impressionantes sobre a onda de calor que afectou esta região, revelando que a temperatura à superfície do solo em Espanha ultrapassou os 60 graus Celsius.

“A onda de calor em curso esta semana na Espanha levou a que um total de 13 comunidades autónomas estivessem em risco extremo (alerta vermelho), risco significativo (alerta laranja) e risco (alerta amarelo) devido às temperaturas máximas que, nalguns casos, vão ultrapassar os 40 graus Celsius e atingir um máximo de 43 graus Celsius”, referia uma nota do Copérnico, o serviço europeu de observação da Terra.

Na quinta-feira foi a vez da Agência Espacial Europeia (ESA) revelar os efeitos do anticiclone Cerberus que está a fazer subir os termómetros na Europa. Segundo explicavam, o anticiclone – uma região de alta pressão atmosférica – promete fazer subir os termómetros em grande parte da Itália. Os dados revelavam que são esperados novos recordes europeus de temperatura nas ilhas italianas da Sicília e da Sardenha, onde as temperaturas podem chegar aos 48 graus Celsius.

A Europa está a escaldar e “isto é só o início”, avisava a ESA partilhando mais um mapa do território marcado por altas temperaturas. Infelizmente, os mapas marcados a vermelho estão a tornar-se cada vez mais frequentes. Esta sexta-feira foi a vez de mostrar os extremos no mar.

A Organização Meteorológica Mundial (OMM) anunciou na segunda-feira que o início de Julho foi a semana mais quente no planeta desde que há registos. Antes, também já tinha sido confirmado que Junho foi o mês mais quente do historial de registos da Terra.

Para piorar a situação, o planeta conta com a influência do El Niño. As notícias “preocupantes” coincidem com o desenvolvimento do El Niño, fenómeno climático natural que tem origem em águas invulgarmente mornas do oceano Pacífico oriental, próximo da costa do Peru e do Equador, sendo comummente acompanhado por um abrandamento ou inversão dos ventos alísios de Leste.

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