Harry Styles inspirou um curso universitário nos EUA que foi um sucesso

“Da mesma forma que podemos estudar a música dos Beatles para compreender a década de 1960, podemos estudar Styles para compreender o presente”, frisou ao PÚBLICO o responsável do curso.

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Harry Styles nos Brit Awards
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A Universidade Estadual do Texas disponibilizou um curso inspirado em Harry Styles e na cultura pop, que decorreu no último semestre. Finda a experiência, o professor de História Digital, Louie Dean Valencia, que avançou com a ideia de estudar o fenómeno em torno do ex-membro da famosa banda One Direction, resumiu ao PÚBLICO que o projecto “foi um completo sucesso”.

“Ele [Harry Styles] é o meu músico preferido e é uma inspiração tanto a nível criativo como filosófico”, realçou o docente, numa conversa por e-mail. E contextualiza: “Da mesma forma que podemos estudar a música dos Beatles para compreender algo sobre as mudanças culturais que ocorreram na década de 1960, podemos estudar o trabalho de músicos actuais, como Harry Styles, para compreender o mundo em que vivemos actualmente.”

Harry Styles e o Culto da Celebridade: Identidade, Internet e Cultura Pop Europeia contou com a participação de 22 alunos da Universidade Estadual do Texas, tendo Valencia baseado os temas estudados em conversas que teve com os seus alunos durante a pandemia de covid-19. Nesse período, o professor percebeu que os estudantes estavam interessados em mudar as normas em torno da masculinidade, para além de manifestarem preocupações com várias outras questões sociais.

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Louie Dean Valencia DR

O docente, cujo currículo tem uma passagem pela reputada Universidade de Harvard, adiantou que, ao longo do semestre, foram abordados temas como o racismo, a queerfobia, ideias sobre género, a violência das armas, a importância de votar, sustentabilidade e até amor.

E na sua aula não faltaram filósofos e poetas que inspiram a arte e o activismo de Harry Styles, tendo o curso servido ainda para entender a cultura e o desenvolvimento político da celebridade moderna, relacionando o fenómeno com questões de género e sexualidade, raça, classe, nação e globalização, cultura de fãs, cultura da internet e consumismo.

“Aprendemos sobre o negócio dos concertos e eventos musicais, estudando a economia da indústria. Isto proporcionou aos alunos uma forma fácil de aceder a um material muito difícil, através de algo que lhes interessava muito”, disse, detalhando que o grupo estudou teorias da conspiração e a percepção de celebridades, influenciadores e indivíduos através das redes sociais. “É importante referir que também estudámos o que é ser uma celebridade e o que significa ter uma plataforma”, destacou Valencia.

Como resultado do êxito assinalado, será organizado um festival de cinema e um simpósio sobre o conceito de celebridade na próxima Primavera, inspirado nos temas abordados no curso. Além disso, professor e alunos estão a desenvolver um podcast que será focado no curso e nos tópicos que foram abordados (e que serão futuramente desenvolvidos na Primavera de 2024, quando o curso for novamente disponibilizado).

Depois dos One Direction, Harry Styles lançou três álbuns a solo, que lhe valeram prémios como melhor música internacional e melhor performance solo nos Grammys, e deu os primeiros passos no mundo do cinema, com Não Te Preocupes, Querida e My Policeman.

“Acredito que qualquer grande arte nos inspira a reflectir sobre o mundo em que vivemos”, conclui.


Texto editado por Carla B. Ribeiro

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