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Masculinidade, uma identidade a desconstruir “cinco minutos após o nascimento”

"Mais homens estão a compreender os benefícios, para si e para os outros, de adoptar comportamentos tradicionalmente menos masculinos", refere William Lakin, autor de Five Minutes After Birth, projecto que reage ao condicionamento social vivido pelos homens nas sociedades ocidentais modernas. "Acho que os homens feministas são o mais próximo que temos [dessa mudança]."

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O que é a masculinidade? "É um conceito difícil de definir", reflecte o fotógrafo e professor residente em Londres William Lakin, autor do projecto que partilha agora com o P3, Five Minutes After Birth, obra que reage ao condicionamento social vivido pelos homens nas sociedades ocidentais modernas. "Masculinidade refere-se a um conjunto de comportamentos e traços de personalidade geralmente atribuídos a indivíduos do sexo masculino." Estes atributos, admite, estão em constante mudança, dependem de avanços e recuos culturais e de outros factores, nomeadamente geográficos e socio-económicos.

O dicionário Priberam associa masculinidade às palavras másculo, viril (que mostra coragem), enérgico. Um dos homens entrevistados por Lakin no âmbito do projecto refere, sobre o que significa, para si, masculinidade: "É esperado que [o homem] esteja em controlo de tudo, de si mesmo, da sua própria mente, de qualquer situação". Um outro refere ainda a necessidade de ser e se mostrar confiante diante de terceiros. "Os homens têm dificuldade em descrever e explicar essa identidade compartilhada", refere o fotógrafo. Outros atributos que são sugeridos, subjectivamente, pelas imagens do projecto poderão estar relacionados com o uso da força física, o domínio sobre o outro, a competitividade, a agressividade.

Existe, para Lakin, uma diferença clara entre nascer com o sexo masculino e assumir um comportamento tipicamente masculino. "Acho que é muito difícil haver homens no Ocidente que não tenham algum tipo de consciência dos debates em torno do facto de o comportamento de género ser aprendido e não biologicamente inerente, considerando quão frequentes se tornaram", explica. "Mas também estou consciente de que as pessoas vivem em bolhas sociais, fisicamente e online." 

Se, por um lado, o movimento feminista permitiu uma alteração profunda das expectativas de género no feminino, por que motivo não existirá um movimento semelhante no masculino? Lakin acredita que "existe um incentivo menor para os homens para mudarem e advogarem por essa mudança". "Mais homens estão a compreender os benefícios, para si e para os outros, de adoptar comportamentos tradicionalmente menos masculinos e de proteger os direitos de grupos mais marginalizados. Acho que os homens feministas são o mais próximo que temos [dessa mudança social]."

"Este trabalho não pretende ser uma celebração ou uma investigação da masculinidade moderna, mas sim uma meditação sobre identidades masculinas antigas, mas predominantes, e sobre as rupturas e questionamentos a que estão cada vez mais sujeitos", pode ler-se na sinopse do projecto. Lakin não pretende fornecer respostas, mas sim colocar perguntas. "Usando a masculinidade como uma identidade a desconstruir, este trabalho levanta questões mais amplas sobre hierarquias sociais, narrativas compartilhadas e discursos cada vez mais polarizados em torno de tais assuntos."

©William Lakin
©William Lakin
©William Lakin
©William Lakin
©William Lakin
©William Lakin
©William Lakin
©William Lakin
©William Lakin
©William Lakin
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