Workaway: como funciona? É mesmo férias e trabalho ao mesmo tempo?

Há quem opte por trabalhar nas férias a troco de alojamento e refeições. Gastam menos dinheiro, fazem amigos para a vida e trazem na bagagem experiências novas — palavra de quem já o experimentou.

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Gastam menos dinheiro, fazem amigos para a vida e trazem na bagagem experiências novas Pexels
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Já te imaginaste a dar uma mãozinha nas obras de um espaço de retiro na Eslovénia ou ajudar com as tarefas diárias de um santuário animal no Havai (EUA), em troca de alojamento e refeições? É mais ou menos isto que acontece com as experiências de work exchange, que permitem viajar a baixo custo em troca de trabalho voluntário. Entre as plataformas mais antigas de work exchange conta-se a Workaway. Reunimos algumas das perguntas mais comuns e falámos com um viajante para te dar as melhores respostas.

O que é o Workaway?

O Workaway é um site — ou uma espécie de comunidade online, como se auto-intitula — que serve de ponte de contacto entre pessoas interessadas em viajar e pessoas com projectos em diferentes partes do mundo que querem acolher e receber ajuda para determinadas tarefas. Em troca pelo teu conhecimento ou capacidades tens benefícios, como alojamento ou comida. É o chamado win-win (ou seja, saem os dois lados a ganhar).

É gratuito?

Embora a ideia do work exchange seja também poupar dinheiro, usar a Workaway tem um custo. Isto porque, se é a primeira vez que vais usar a plataforma, vais precisar de te juntar à comunidade. Tens de criar um perfil de “workawayer” e pagar uma anuidade de 49 euros se planeias embarcar nesta aventura sozinho (ou de 59 euros se vais viajar em dupla ou casal).

Além disso, o valor das passagens para o teu destino de voluntariado também não fica coberto pela plataforma.

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A Workaway tem experiências em cerca de 170 países.

Contudo, diz quem sabe que compensa usar estas plataformas. Pedro Cunha, 29 anos, esteve, em 2018, na Costa Rica durante três meses com a namorada, Ana Teresa Capucho e diz que “se não fosse o Workaway” talvez não tivesse conseguido fazer a viagem.

O objectivo do casal era “viajar com um orçamento muito reduzido” e, ao mesmo tempo, conseguir ter “uma experiência” que lhes dissesse “alguma coisa​ profissionalmente” uma vez que são os dois biólogos. Num destino de natureza, a missão foi cumprida com sucesso.

Para quem é esta plataforma?

Qualquer pessoa a pode utilizar. A única restrição que é imposta está relacionada com a idade — só te podes registar se tiveres mais do que 18 anos, até porque a maioria dos países só aceita voluntários acima dessa idade.

Ainda assim, as crianças ou jovens abaixo dessa idade também podem aventurar-se no voluntariado além-fronteiras, só precisam de viajar com um adulto. Basta estar atento às descrições das experiências e ver se aceitam crianças.

Posso viajar para qualquer lado do mundo?

Quase. De acordo com as pessoas que já usaram a Workaway, uma das grandes vantagens é precisamente a variedade de destinos. Europa, Médio Oriente, América do Norte ou África — por ser uma das plataformas mais antigas deste género, há experiências em quase todos os pontos do globo, em cerca de 170 países.

Assim, se já tens um destino de sonho em mente podes pesquisar directamente por experiências lá. Em alternativa, podes explorar possibilidades tendo como critério, por exemplo, o tipo de trabalho que gostavas de fazer.

É possível arranjar trabalho pago?

Não é bem o objectivo da Workaway, que se foca mais na troca de experiências, mas é possível encontrar alguns trabalhos pagos. Há quem ofereça dinheiro e experiências que não são voluntariado. Estas ofertas costumam focar-se em trabalhos mais especializados como web design, gestão de redes sociais, guia turístico ou professor de línguas.

E se queres rentabilizar ao máximo as tuas capacidades, então usa os filtros da pesquisa para encontrar experiências remuneradas e lembra-te de dar a conhecer a tua experiência no teu perfil (mais ou menos como fazes no Linkedin).

Estas experiências são seguras?

Como em todas as viagens, depende. O conselho de quem já experimentou é “investigar bem os sítios”, procurando comentários “até em diferentes plataformas”, adverte Pedro.

A comunicação também é importante. Já que o Workaway permite estabelecer conversas entre os hosts e os viajantes, deve tirar-se proveito dessa ferramenta para “falar com as pessoas” e “perceber as expectativas” que têm de quem vão receber.

Pedro conta que, numa das suas três experiências pela Costa Rica, lhe pediram para estar na recepção de um hostel. No entanto, “não queria nada atender clientes” porque essa tinha sido a sua função antes de viajar. “Falei logo com eles e sugeriram outra tarefa”, diz.

No caso de experiências de longa duração, como estadias de várias semanas ou até de um mês, também é importante pensar em alternativas ou num plano B. Outras dicas do viajante para se sentir mais seguro passam por “estar em sítios com alguma internet” e “ter sempre dados móveis e um cartão com internet” para o caso da conexão fixa falhar.

Como biólogos, Pedro e Ana encontraram na Costa Rica o destino ideal para explorar a biodiversidade Pedro Cunha
Pedro desenvolveu um trabalho de identificação de espécies de borboletas Pedro Cunha
Uma cascata perto do hostel Cascada Verde, o último espaço onde o casal trabalhou, em Uvita Pedro Cunha
Um rã de olhos vermelhos agalychnis callidryas na floresta tropical Pedro Cunha
Cuidar de um hostel, desenvolver projectos de biodiversidade e tarefas no espaço exterior como jardinagem foram alguns dos trabalhos de Pedro Pedro Cunha
A espécie ficus aurea em Monteverde. Além desta cidade, o casal esteve em Uvita e na Estação Biológica Tamandua Pedro Cunha
A praia de Uvita, uma das mais conhecidas da Costa Rica Pedro Cunha
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Como biólogos, Pedro e Ana encontraram na Costa Rica o destino ideal para explorar a biodiversidade Pedro Cunha

O que ganhas ao viajar desta forma?

Acima de tudo, as experiências que guardas para o resto da vida. Primeiro, o voluntariado em troca de alojamento e comida permite-te poupar dinheiro e, assim, viajar mais tempo. À equação dos benefícios somam-se novas amizades: “Há quatro ou cinco meses fomos a Berlim e encontramo-nos com uma das raparigas que esteve no hostel durante um mês connosco”, recorda Pedro.

Em termos laborais, também pode ser uma mais-valia — dá-te mais experiência e pode abrir-te outras oportunidades. Também foi o caso de Pedro: “Acho que mostra que a pessoa está disposta a aprender coisas novas, a sair da zona de conforto e tem alguma flexibilidade”, conclui.

E se correr mal? O que fazer?

Por muito bem planeada que esteja a tua viagem, há sempre a hipótese de algo correr mal. Basta pensar no caso dos destinos mais afectados pelas alterações climáticas — podes ter de enfrentar um temporal, chuvas torrenciais ou outras condições atmosféricas adversas. Mas também pode ser algo mais mundano: imagina que não gostas do trabalho que estás a fazer ou que as condições do alojamento que te é oferecido não correspondem ao que esperavas.

O que fazer? Activa o plano B, que preparaste antes da viagem. Ou pede ajuda à Workaway, que tem um serviço de emergência que garante “ajuda a encontrar um novo host na área onde estás” ou, em alternativa, “três noites gratuitas num hostel próximo”, lê-se.

Podes contar ainda com uma equipa de apoio disponível 24 horas que te vai esclarecer dúvidas e aconselhar consoante a tua situação.

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