Desenvolvimento do cérebro dos bebés pode ajudar a identificar patologias futuras

Cientista portuguesa vai estudar a comunicação entre vasos sanguíneos e neurónios, essenciais para o funcionamento do cérebro e que podem ajudar a encontrar patologias como a doença de Alzheimer.

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O intuito é diagnosticar precocemente doenças associadas ao nosso cérebro Daniel Rocha

A investigadora da Universidade de Coimbra Vanessa Coelho Santos vai estudar o desenvolvimento cerebrovascular de recém-nascidos com o objectivo de contribuir para melhorar o diagnóstico e tratamento de patologias cerebrais.

“Através do uso de técnicas de imagem cerebral funcional de ponta, e também de microscopia de alta resolução, a investigação pretende aprofundar o conhecimento sobre o desenvolvimento da unidade neurovascular durante o período neonatal, que pode contribuir para melhorar o diagnóstico e tratamento de patologias cerebrais em recém-nascidos”, refere a Universidade de Coimbra (UC) em comunicado.

O projecto “Desvendar a mudança neonatal no acoplamento neurovascular: uma abordagem multimodal” foca-se no estudo do desenvolvimento da comunicação entre os vasos sanguíneos e os neurónios, necessária para a obtenção de energia e oxigénio –​ ambos elementos cruciais para o bom funcionamento cerebral.

A imagem cerebral funcional “é uma valiosa ferramenta não invasiva amplamente utilizada em estudos do cérebro na área da saúde, que se baseia no fluxo sanguíneo e no estado de oxigenação para fornecer informações sobre a função cerebral e desempenha um papel importante para detectar problemas e lesões no cérebro do recém-nascido, bem como na previsão de alterações do neurodesenvolvimento a longo prazo associadas a essas lesões”, explica a investigadora, citada no comunicado.

“Curiosamente, em recém-nascidos, há uma discrepância na resposta cerebrovascular quando comparada com adultos, o que dificulta muitas vezes o diagnóstico e caracterização de patologias”, elucida Vanessa Coelho Santos.

“Existe uma lacuna no conhecimento para explicar esta discrepância que precisa de ser abordada para uma melhor compreensão dos dados de imagem cerebral funcional”, assinala a investigadora.

“Explicar o que está na origem desta mudança pode vir a permitir intervir em patologias quando este acoplamento neurovascular fica comprometido não só durante o desenvolvimento, mas em outras patologias, tais como na doença de Alzheimer ou num acidente vascular cerebral”, adianta.

A investigação, que vai durar até ao final de 2025, pretende “avançar com conhecimento que abra caminho para estudos de biomarcadores para uma eficaz identificação de lesões ou outros processos adversos que podem inviabilizar o desenvolvimento normal do cérebro, podendo vir a ter impacto num diagnóstico precoce e tratamento de patologias cerebrais neonatais, como a paralisia cerebral ou doenças do neurodesenvolvimento, como autismo”.

Para esta investigação, Vanessa Coelho Santos, do Centro de Imagem Biomédica e Investigação Translacional do Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde da UC, recebeu uma bolsa de 300 mil euros, atribuída pela Fundação La Caixa.

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