Coronavírus: portugueses em quarentena em Lisboa vão para casa no sábado

Os 20 cidadãos, 18 portugueses e duas mulheres brasileiras, vindos de Wuhan, não apresentam qualquer sintoma de doença e deverão sair do hospital no sábado.

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Portugueses repatriados de Wuhan chegam ao aeroporto militar do Figo Maduro, em Lisboa, a 2 de Fevereiro Reuters

As 20 pessoas que chegaram a Portugal a 2 de Fevereiro vindas de Wuhan, epicentro do coronavírus Covid-19, e que voluntariamente estão de quarentena, saem do hospital no sábado, anunciou esta terça-feira a directora-geral da Saúde.

Graça Freitas disse, em conferência de imprensa em Lisboa, que a quarentena se mede a partir da hora em que o avião saiu de Wuhan, pelo que o período de 14 dias termina de sábado para domingo. “No sábado sairão para casa”, afirmou.

A directora-geral da Saúde adiantou que os 20 cidadãos não apresentam qualquer sintoma de doença e que na sexta-feira, às 9h30, vão repetir as análises, estando os resultados disponíveis na tarde do mesmo dia.

Além de elogiar a disponibilidade dos 20 cidadãos, 18 portugueses e duas mulheres brasileiras que estão isolados no hospital Pulido Valente, em Lisboa, Graça Freitas explicou que a Direcção-Geral da Saúde (DGS) não valorizou o estudo segundo o qual o período de incubação do novo coronavírus pode não ser de 14 dias, o período seguido até agora, mas de 24 dias.

Trata-se de uma informação “que não está validada”, sendo “um dos muitos estudos que circulam” e o qual a Organização Mundial de Saúde (OMS) não menciona, disse Graça Freitas, concluindo: “Não havendo robustez científica não a podemos considerar”, até porque “há estudos que vão em sentido contrário”.

A responsável da DGS elogiou os esforços de contenção do novo coronavírus por parte da China, com medidas nunca antes vistas, mas salientou que se desconhece se o vírus tem capacidade de se propagar a outros países, pelo que Portugal se está a preparar, activando e actualizando planos de contingência com “muitos parceiros”.

A directora-geral da Saúde disse ainda que tem aumentado o número de chamadas para a linha de saúde SNS24, muitas delas só para pedir informações, e admitiu que o vírus tenha capacidade de se transmitir mesmo com tempo mais quente, ainda que seja o inverno “a estação em que se dá melhor”.

"Um robusto dispositivo de saúde pública"

Segundo Graça Freitas, Portugal tem “um robusto dispositivo de saúde pública” activado para o novo coronavírus e já estão a ser identificados “hospitais de segunda linha” de contenção nos Açores, na Madeira, em Coimbra e no Sul do país, sendo que as regiões autónomas são a grande prioridade neste momento, no sentido de se prepararem para fazer localmente os testes e análises ao novo coronavírus.

“Com as administrações regionais de saúde estamos a identificar quais os hospitais para enviar doentes. Serão de segunda linha de contenção. Depois ou a doença fica por aí ou escala, e nessa outra fase todos os hospitais atenderão doentes, já com outros requisitos”, explicou Graça Freitas, referindo-se a uma hipótese de haver uma escalada mundial de disseminação do vírus, por enquanto muito circunscrito à China continental.

Hospitais de segunda linha, explicou, serão hospitais preparados com quartos, equipamentos, equipas técnicas e laboratórios, para o caso de ser necessário.

Esta terça-feira, houve reunião da Comissão Coordenadora de Emergência, que junta a DGS e parceiros como o INEM, o Instituto Ricardo Jorge, o Infarmed e as Administrações Regionais de Saúde, para preparar uma resposta ao vírus, se necessário. “Dentro desta preparação estamos em fase de contenção. O sistema de detectar precocemente casos suspeitos tem funcionado até à data”, afirmou a responsável, lembrando que já seis pessoas foram internadas nos hospitais de referência por suspeita de infecção por Covid-19 e que todas deram negativo.

O novo coronavírus detectado na China já provocou mais de 43 mil infectados e mais de mil mortos, sendo que apenas duas das vítimas mortais ocorreram fora da China, nas Filipinas e em Hong Kong.

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