TAP vai reforçar número de voos para Luanda

Ligação a Angola vai contar com mais duas a três frequências por semana. TAP começa a voar para S. Francisco em Junho.

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Transportadora está a renovar a frota com aviões Airbus da nova geração Daniel Rocha

A TAP vai ter mais duas a três frequências entre Lisboa para Luanda, além das sete que já existem (uma em cada dia da semana). O anúncio foi feito esta quinta-feira pelo presidente executivo da TAP, Antonoaldo Neves, e por David Neeleman, administrador e accionista da transportadora aérea, num encontro com jornalistas.

De acordo com Antonoaldo Neves, o reforço das ligações entre os dois países será concretizado “antes do Verão”, mas a data certa ainda está por definir. Esta estratégia surge num contexto de maior aproximação entre os dois países, visível na visita do primeiro-ministro António Costa a Luanda (em Setembro, altura em que foi assinado um protocolo ligado ao reforço das ligações aéreas) seguindo-se a do presidente de Angola a Portugal (em Novembro).

Ao mesmo tempo, e como frisou o administrador financeiro da TAP, Raffael Quintas Alves, Angola é hoje um mercado “muito mais confortável” do que no passado recente.

O gestor referia-se ao dinheiro que a empresa não conseguia repatriar de Luanda, num contexto de crise económica e de falta de divisas internacionais. No final de 2017 a transportadora tinha 122 milhões de euros retidos naquele mercado, dos quais 80 milhões estavam aplicados em dívida de curto prazo e outros 42 milhões em depósitos.

No entanto, e conforme noticiou o PÚBLICO em Outubro, a TAP tinha já conseguido repatriar, nessa data, mais de metade dos 120 milhões. O processo foi conduzido ao longo de vários meses, e o valor que falta está ligado a aplicações de dívida pública cujo prazo ainda não venceu. Hoje, os responsáveis da empresa (onde o Estado detém 50%, cabendo outros 45% ao consórcio privado e 5% a trabalhadores) afirmaram que tinham sido repatriados 70% dos fundos (equivalente a 85 milhões).

Esta quinta-feira, a TAP anunciou também que vai começar a voar para São Francisco em Junho, com data prevista de inauguração para 10 desse mês (dia de Portugal). Esta rota, com cinco voos por semana, vai para o topo das mais longas da transportadora, a par de Porto Alegre e de Maputo, com a particularidade de se poder enviar e receber, de forma gratuita, mensagens escritas sem limite.

O mercado da América do Norte tem sido uma das apostas fortes da empresa desde a privatização, tendo passado, nos últimos três anos, de três para nove rotas (com as frequências semanais a subirem de 16 para 56), e a ideia é continuar a crescer. Humberto Pedrosa, também ele accionista privado e administrador, destacou que “a  TAP é hoje uma TAP diferente”, depois de ter passado “um mau bocado”, e uma das diferenças apontadas pela administração é a renovação da frota, que requer um forte investimento.

No caso da ligação a S. Francisco, a rota vai ser efectuada através de um Airbus A330neo, cuja primeira encomenda a nível mundial foi para TAP. Depois de ter recebido oito novas aeronaves (incluindo-se aqui os A320neo e A321neo), a transportadora vai receber outras 37 em 2019, mais eficientes em termos de combustível e com mais lugares disponíveis (o que permite melhor rentabilização da operação) face à frota actual.

Pontualidade e contratações

O presidente executivo da empresa destacou também os esforços para melhorar a pontualidade (as actuais condições do aeroporto de Lisboa não ajudam, referiu), e a contratação de pessoal, com destaque para os pilotos, para evitar cancelamentos (que marcaram de forma negativa a imagem e o negócio no primeiro semestre).

No caso dos pilotos, Antonoaldo Neves afirmou que o ritmo tem sido de 44 contratações por mês. Ao todo, já foram contratados 240 pilotos nos últimos tempos, a que irão somar mais 80 até Março.

Sobre as contas, o presidente da TAP não se quis comprometer com números, excepto ao nível da empresa de manutenção no Brasil (ex-VEM), tendo feito questão de dizer que esta unidade, cronicamente deficitária, vai conseguir ter lucro operacional no ano que vem. Isto depois do encerramento da unidade de Porto Alegre e do despedimento de cerca de mil pessoas.

Sobre os resultados do grupo este ano, o gestor remeteu para Abril, quando serão apresentadas as contas. Nessa altura se saberá se conseguiu ou não manter-se lucrativa.

Em 2017, depois de sofrer prejuízos durante dez anos consecutivos, o grupo voltou aos lucros com um resultado positivo de 21,2 milhões de euros. As vendas chegaram aos 2978 milhões, contra os 2338 milhões de 2016.

Já no primeiro semestre deste ano, teve um resultado negativo de 90 milhões de euros (contra os 54 milhões de idêntico período de 2017), enquadrado por factores como a subida do preço do combustível, o custo da reestruturação da empresa de manutenção no Brasil e o elevado número de cancelamentos de voos. Já ao nível das vendas estas subiram 18%, para 1529,6 milhões de euros.

A partir de Março, a TAP vai começar a pagar a dívida de cerca de 600 milhões de euros que acumulou na banca antes da privatização. Serão regularizados cerca de 120 milhões por ano, a um ritmo da ordem dos 10,5 milhões por mês. E se antes houve sérias dificuldades, hoje, sublinha Antonoaldo Neves, “os bancos querem emprestar [dinheiro] à TAP”.

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