Eu sou migração. Tu não?

"I Am Migration" é uma campanha de consciencialização para os problemas relativos à migração, resultado da implementação de novas políticas. Vídeo de Paola Baldion já é viral

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Paola Baldion é natural de Bogotá, na Colômbia. Mas esta não é a sua única origem. Para descobrir as suas raízes, a jovem decidiu fazer um teste de ADN. O resultado foi um vídeo, uma campanha e um propósito, com uma mensagem para todos: #IamMigration (Eu Sou Migração). A colombiana, que agora vive em Los Angeles, nos Estados Unidos da América (EUA), é, afinal, uma mistura de dez nações, de dez culturas. Ela é migração.

Os números dizem tudo: 30% da Península Ibérica, 29% nativa-americana, 22% de origem grega e italiana, 10% da Grã-Bretanha, 3% do Médio Oriente, 2% norte-americana, 1% da Ásia Central, 1% irlandesa, 1% da Escandinávia e 1% da Polinésia. Paola é, assim, o resultado da soma de várias nações. É produto da multiculturalidade. Da liberdade.

Originalmente publicado no Instagram e, posteriormente, partilhado no Facebook, a 17 de Abril, o vídeo #IAmMigration mostra Paola a encarnar todas as nacionalidades, através de trajes tradicionais. Até ao momento, conta com 14 milhões de visualizações, 2,1 milhões de reacções e mais de uma centena de comentários no Facebook.

Given the latest political changes in this country we have decided to create the #IAmMigration. Our goal is to raise awareness and encourage the media to stop portraying immigration as a threat. We believe that somehow we are all a product of Migration. And we recognize that America was built by immigrants. We would love for you to join us and show us your roots with the #IAmMigration. We will try to get a hold of some free DNA tests to give away. We believe that the more we get to know our own roots the more open we are to embrace other cultures and ethnicities. This video is the first phase of a multimedia strategy campaign. If you want to participate or follow our journey you can do so by following us on IG and FB on @IAmMigration. Big love ?? P & J :)

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Na descrição que acompanha o vídeo, Paola explica que foram “as últimas mudanças políticas" nos EUA a motivar a criação do #IAmMigration: "O nosso objectivo é alertar e encorajar os média a pararem de retratar a migração como uma ameaça. Acreditamos que, de alguma forma, todos somos produto da migração. E reconhecemos que a América foi construída por imigrantes”.

O tema da migração tem marcado e influenciado a política a nível internacional. O clima que, actualmente, se sente nos EUA em relação às novas políticas anti-imigração é tenso e tem gerado polémica. A ordem executiva assinada por Donald Trump a 27 de Janeiro impede a entrada nos EUA de cidadãos de seis países de maioria mulçumana: Irão, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iémen (o Iraque foi retirado da lista em Março). Foram vários os especialistas e activistas dos direitos humanos a contestar este decreto presidencial e a defender que o mesma viola a obrigação de protecção dos princípios da não devolução e não discriminação com base na nacionalidade, região ou raça. 

Também em França o clima é de instabilidade para os imigrantes. A candidata às presidenciais e líder do partido de extrema-direita Frente Nacional, Marine Le-Pen, pretende implementar, em caso de vitória, e entre muitas outras medidas: a saída do Euro, a expulsão de todos os estrangeiros que são vigiados pelos serviços de espionagem, a retirada da nacionalidade francesa a cidadãos com dupla nacionalidade (no caso de ligação ao jihadismo), além da negação do acesso gratuito a cuidados de saúde básicos a migrantes em situação ilegal.

Mas não é apenas nos EUA ou em França que a migração é tema de discussão. O Provedor de Justiça de Portugal, Faria Costa, já destacou a necessidade de fazer chegar a justiça aos imigrantes, revelando que lhe chegam "centenas de queixas de pessoas de nacionalidade não portuguesa"

Com base nesta realidade, Paola lança o apelo: "Gostaríamos que te juntasses a nós e nos mostrasses as tuas raízes com o #IamMigration. Vamos tentar obter, de forma gratuita, alguns testes de ADN. Acreditamos que quanto mais conhecermos as nossas próprias origens, mais abertos estaremos para aceitar outras culturas e etnias."

As divisões, desconfianças e desigualdades são, cada vez mais, uma realidade a nível mundial. O objectivo da #IamMigration é esbater as diferenças e mostrar que somos mais parecidos uns com os outros do que parece à superfície.

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