Guterres deixa recado a Trump: Acordo de Paris “é absolutamente essencial”

Discurso surge depois da Cimeira do G7, em que o Presidente dos EUA pediu mais tempo para tomar uma posição sobre o histórico consenso negociado em 2015.

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Guterres quer organizar para 2019 um encontro totalmente dedicado às alterações climáticas PATRICK SEEGER/LUSA

O secretário-geral das Nações Unidas considera que as alterações climáticas são “inegáveis” e defende que é “absolutamente essencial” que o mundo combata este problema em conjunto. As declarações de António Guterres surgem numa altura em que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, equaciona a possibilidade de alterar a sua posição em relação ao Acordo de Paris.

António Guterres, citado pela Reuters, falava durante um evento na Universidade de Nova Iorque, depois de Donald Trump, no sábado, ter dito durante a cimeira do G7 que precisava de mais tempo para tomar uma decisão em relação ao Acordo de Paris, adiando para esta semana a tomada pública de uma posição.

“Se algum Governo duvida da vontade e da necessidade global deste acordo, essa é uma razão para todos os outros países se unirem ainda mais”, afirmou Guterres, mas sem nunca se referir directamente à posição da Administração Trump, ainda que tenha referido que acredita que “será importante para os Estados Unidos não abandonarem o Acordo de Paris”. Guterres antecipou também a possibilidade de Trump rejeitar o acordo e defendeu que a sociedade norte-americana, como um todo – o que inclui cidades, estados e empresas –, deve continuar comprometida com o que prevê o protocolo.

“A mensagem é simples: o comboio da sustentabilidade já saiu da estação. Apanhem-no ou fiquem para trás”, disse Guterres, insistindo que, “é absolutamente essencial que o mundo implemente o Acordo de Paris”. Este foi o primeiro discurso do secretário-geral da ONU dedicado às alterações climáticas.

Donald Trump, logo após ser eleito, decidiu recuar em muitas das medidas tomadas por Barack Obama em relação às alterações climáticas – considerando mesmo que são um “engano”. Os Estados Unidos são um dos 147 países e entidades que assinaram o histórico acordo de 2015, mas na cimeira do fim-de-semana Trump preferiu adiar uma tomada de posição sobre o documento que quer limitar o aquecimento global a menos de dois graus Celsius, o que implica reduzir as emissões de gases com efeito de estufa.

Os Estados Unidos são a maior economia do mundo e, depois da China, a segunda que mais emite este tipo de gases. António Guterres quer organizar para 2019 uma nova cimeira dedicada às alterações climáticas para rever a implementação do acordo global sobre este tema.

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