Trump procura forma “rápida” de se desvincular do Acordo de Paris

Fonte da equipa de transição diz que entrada em vigor do acordo antes das eleições norte americanas "foi imprudente" e que não tencionam esperar quatro anos para abandonarem os compromissos estabelecidos.

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A cidade de Marraquexe está actualmente a ser palco de mais uma Cimeira do Clima Reuters/YOUSSEF BOUDLAL

O Presidente eleito dos Estados Unidos da América, Donald Trump, não tenciona esperar pelos quatro anos a que o país ficou obrigado a respeitar o Acordo de Paris com a sua entrada em vigor no dia 4 de Novembro, e a sua equipa está a procurar alternativas de transição que lhe permitam desvincular-se do acordo o quanto antes.

“Foi uma imprudência a ideia de fazer entrar em vigor o Acordo de Paris antes das eleições americanas”, disse à Reuters uma fonte da equipa de transição de Donald Trump, que falou com a agência sob a condição de não ser identificada.

O Acordo de Paris, que vincula os seus signatários a diminuírem a produção de gases com efeito de estufa a partir de 2020, entrou em vigor a 4 de Novembro, a escassos cinco dias das eleições norte-americanas. Nessa data, já tinha sido ratificado pelos dois maiores emissores de gases com efeito de estufa, a China e os Estados Unidos. Até este sábado, 11 meses depois de ter sido aprovado em Paris, a 12 de Dezembro de 2015, por mais de 200 países, já tinha sido ratificado por 109 nações, representando 76% das emissões de gases de efeito estufa. É um sucesso diplomático. 

Mas, durante a campanha, Donald Trump afirmou várias vezes que as alterações climáticas são um “embuste” ou “uma mentira inventada pelos chineses”. A fonte citada pela Reuters culpa o ainda Presidente Barack Obama por se ter vinculado a uma decisão sem ter para ela uma decisão do Senado (Obama ratificou ele próprio o acordo, sem o submeter à aprovação do Congresso, apresentando-a na reunião do G20 na China).

A equipa de transição de Donald Trump para a Agência de Protecção Ambiental está a ser liderada por Myron Ebell, um conhecido lobbyista e céptico das alterações climáticas do Competitive Enterprise Institute, diz o New York Times. As alternativas que estão a ser estudadas pela equipa de transição passam por enviar uma carta anunciando a saída dos EUA, no prazo de um ano, da Convenção Quadro sobre as Alterações Climáticas de 1992, assinada na Cimeira da Terra, no Rio de Janeiro. Esta convenção deu origem ao Tratado de Quioto e agora Acordo de Paris e foi assinado por todos os países da ONU.

Ou então, pondera a equipa de transição do Presidente eleito, simplesmente apagar a assinatura do Governo dos Estados Unidos da América do Acordo de Paris.

A responsável pelo Clima na Organização das Nações Unidas, Patricia Espinosa, recusou-se a comentar estas possibilidades, limitando-se a referir que o Acordo de Paris “tem um enorme peso e credibilidade” e que a ONU espera vir a conseguir estabelecer uma relação forte e construtiva com Donald Trump.

Até dia 18 de Novembro está a decorrer na cidade de Marraquexe, em Marrocos, mais uma Cimeira do Clima, e têm sido muitos os apelos para que os Estados Unidos permaneçam vinculados ao acordo, desde a gigante China até aos pequenos estados insulares.

O país anfitrião do encontro não deixou de lembrar que o acordo sobreviverá à eventual saída dos Estados Unidos. "Se uma das partes se retirar, o acordo não fica em causa”, disse o ministro das Relações Exteriores, Salaheddine Mezouar.  

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